Capital de Honduras acorda militarizada e manifestantes sofrem repressão
A última terça-feira (25), em Tegucigalpa, capital de Honduras, foi marcada por diversas manifestações. Além das mulheres, que pretendiam comemorar seu dia e lutar por seus direitos nas ruas, camponeses e professores também se mobilizaram para batalhar por direitos que estão sendo retirados pelo governo de Porfirio Lobo, considerado como o continuador do golpe de estado de 28 de junho de 2009.
De acordo com relatos da União de Escritores e Artistas de Honduras (UEAH), entidade membro da Frente Nacional de Resistência Popular (FNRP), Tegucigalpa amanheceu na terça-feira “militarizada, sitiada, sequestrada” pelo operativo de “inteligência militar”. O trânsito foi prejudicado, afetando o cotidiano da cidade, e o céu ficou tomado por aviões, de onde também se fiscalizava a cidade.
Mesmo com a presença de policiais em toda a cidade, ignorando a repressão, um grande contingente se deslocou para as ruas a fim de celebrar o Dia da Mulher Hondurenha. As feministas se deslocaram até o Congresso Nacional, mas, como presente pelo seu, dia “foram desalojadas violentamente dali” pelo prefeito da capital Ricardo Álvarez.
Outro grande grupo de manifestantes foi formado pelos campesinos, que ocuparam várias estradas de Honduras a fim de defender o Artigo 18-2008, derrogado pelo Congresso. Os campesinos também ocuparam a frente à Corte Suprema de Justiça.
Neste mesmo dia, os professores e membros da FNRP se uniram para fazer com que suas vozes fossem ouvidas. Os professores lutam para defender o Estatuto do Docente hondurenho, que custou mais de 20 anos para ser aprovado, e agora está sendo invalidado pelo governo de Pepe Lobo. Com a derrogação, os professores perdem qualificação acadêmica, antiguidade, triênios e todos os benefícios econômicos estabelecidos no Estatuto.
Na tentativa de barrar esta decisão, os professores e membros da FNRP se dirigiram ao Congresso Nacional, onde conversaram com Orlando Hernández, titular do Congresso. De lá, saíram com a promessa de que será retirado do artigo 136 o parágrafo que afirma que se mantém suspenso o Estatuto do Docente.
Apesar disso, o retorno que este grupo recebeu foi o mesmo dado às mulheres e aos camponeses. Os manifestantes foram atacados com gás de pimenta e bombas de gás lacrimogêneo. A ação violenta prejudicou toda a Tegucigalpa e obrigou comerciantes a fecharem suas portas para não serem atingidos. Quatro membros do Colégio de Professores de Educação Média de Honduras (COPEMH) foram detidos.
Toda esta violência gratuita oferecida como presente à Resistência não será motivo para abandonar da luta por uma nova Constituinte, pelo retorno de Manuel Zelaya e por novos tempos de paz e justiça em Honduras.
Prova disso é que uma nova manifestação estava sendo preparada para esta quinta (27), “para repudiar de novo os golpistas e este regime continuador, repressivo, herdeiro do golpe de Estado militar de Pepe Lobo e sua quadrilha, que no dia de (ante) ontem pela manhã reprimiu com gases o povo”.
Do Vermelho, com Adital