Desemprego global deve bater novo recorde, diz OIT
Pelo menos 203 milhões de pessoas continuarão desempregadas no mundo até o fim do ano, nível recorde pelo terceiro ano consecutivo desde a crise econômica iniciada em 2007.
A projeção da Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostra uma ligeira melhora em relação ao ano passado, mas confirma também que o emprego vai demorar a se recuperar nas economias desenvolvidas e o consumo continuará achatado.
A previsão é de taxa mundial de desemprego de 6,1% este ano, comparado a 6,3% ano passado. Mas as cifras não incluem o crescente número de pessoas obrigadas a aceitar trabalho parcial ou outras formas de emprego “vulnerável”, com ou sem proteção.
Essas tendências estão em forte contraste com vários indicadores macroeconômicos, como PIB global, consumo privado, investimento, comércio internacional e mercado de ações, já que todos se recuperaram em 2010, superando os níveis de antes da crise.
Os números ilustram a continua mudança no crescimento econômico global, com a criação de emprego passando do mundo industrializado para nações emergentes.
Mais da metade da alta do desemprego global desde a crise ocorreu nos EUA, na União Europeia e outros países desenvolvidos, que representam apenas 15% da mão de obra global. Em contraste, em vários países emergentes, como Brasil e Tailândia, a situação do mercado de trabalho é melhor do que antes da crise.
Mesmo onde há criação de empregos, o contexto é diferente. Globalmente, cerca de 1,5 bilhão de trabalhadores ocupam empregos vulneráveis, mal pagos e com pouca ou nenhuma proteção social.
Além disso, 730 milhões de trabalhadores, ou 20,7% da mão de obra global, viviam com suas famílias no limite da extrema pobreza com US$ 1,25 por dia, em 2009. Isso representa 40 milhões de pessoas a mais.
Outro problema persistente é o desemprego dos jovens. Nada menos de 78 milhões não conseguiram trabalho em 2010. Toda essa situação reflete “o terrível custo humano da recessão”, diz o diretor-geral da OIT, Juan Somavia.
A retomada retardada do mercado de trabalho se manifesta tanto numa diferença entre crescimento da produção e alta do emprego como também entre os ganhos de produtividade e a alta dos salários reais em vários países do mundo.
No setor agrícola, o emprego aumentou em 2009, indo na contracorrente histórica. Por sua vez, a OIT insiste que a alta dos preços de alimentos representa uma “ameaça crescente”, podendo provocar mais demissões se a inflação se estender a mais setores da economia.
Do Valor Econômico