Contra cortes, sindicatos portugueses pedem greve geral

Governo planeja redução nos salários dos funcionários públicos

Enquanto as autoridades portuguesas tentam convencer os mercados de que o país não vai precisar de uma intervenção do Fundo Monetário Internacional (FMI) ou do apoio do Fundo Europeu de Estabilidade, pela primeira vez, em 22 anos, as duas centrais sindicais de Portugal vão organizar juntas uma greve geral, prevista para esta quarta-feira (24).

A greve tem como alvo as medidas do governo tomadas para reconquistar a confiança dos mercados. Incluem a redução de até 10% dos salários dos funcionários públicos (variando conforme o salário), o congelamento das aposentadorias, a redução de apoios sociais (auxílio maternidade e apoio aos carentes) e regras mais duras para quem recebe o seguro desemprego.

“Nós somos a favor da redução do déficit, mas não como objetivo central. Acreditamos que o primeiro objetivo deve ser o de criar riqueza e emprego”, afirma João Proença, secretário geral da União Geral dos Trabalhadores.

Para Proença, a greve não vai alterar a percepção que os mercados têm sobre a capacidade de Portugal pagar suas dívidas. “Não são as greves que conduzem à menor confiança dos mercados financeiros. O que conduz à menor confiança são as políticas erradas, que conduzem à grande insatisfação social que gera os conflitos”, disse.

Manuel Carvalho da Silva, secretário-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses, considera que não deve haver receio do que os mercados possam pensar sobre a greve. “Estamos perante processos de agiotagem internacional e interna. Não há agiota que pare a agiotagem pela submissão das vítimas”, disse.

Voos cancelados
A companhia aérea portuguesa TAP informou que “será forçada a cancelar a maioria dos voos em Portugal e restante Europa”, “devido à greve geral em Portugal no dia 24 de Novembro, e tendo em conta que o controlo de tráfego aéreo apenas assegura a realização dos voos definidos nos serviços mínimos”.

A empresa informa que prevê realizar a maioria dos voos intercontinentais, embora alguns com alteração do horário. Em nota, a TAP pede que os passageiros no Brasil com voos marcados para partir das 22 horas desta terça e para quarta entrem em contato com a companhia ou com o agente de viagens para alterar os horários.

Da Agência Estado