Ex-vítima de tortura, argentino é o novo relator da ONU sobre o tema
O argentino Juan E. Méndez, defensor de direitos humanos e que foi preso durante a ditadura militar de seu país (1976-1983), assumiu nesta quinta-feira (4/11) como relator especial da Organização das Nações Unidas sobre a tortura.
“Eu mesmo sou um sobrevivente da tortura, por isso, meu mandato estará centralizado nas vítimas”, recordou Méndez, ao tomar posse.
O argentino afirmou ainda que, além da lei, é preciso lutar no campo das ideias e do discurso político para combater o que classificou de uma atitude de relativizar esse tipo de crime.
“Ao insistir na absoluta proibição da tortura ou de qualquer tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante, espero fazer uma efetiva contribuição à aplicação e o progressivo desenvolvimento das normas internacionais nesta área”, acrescentou.
O novo relator, que substitui o austríaco Manfred Novak, tem dedicado sua carreira à defesa dos direitos humanos. Por trabalhar como advogado de prisioneiros políticos, durante o regime ditatorial, ele mesmo acabou sendo preso e torturado por um ano e meio.
Ao sair da prisão, em 1977, Méndez se instalou nos Estados Unidos, onde vive desde então. Antes, atuou como conselheiro da ONU para a prevenção do genocídio, professor de Direito na America University de Washington e consultor da Tribunal Penal Internacional (TPI).
Do Opera Mundi