Maioria dos chilenos acha que condições de trabalho continuarão iguais após resgate dos mineiros

Cerca de 57% dos chilenos acreditam que mesmo após o bloqueio, por mais de dois meses, dos 33 trabalhadores da mina San José, em Copiapó, “as empresas se esquecerão e tudo voltará a ser como era antes” em questões de segurança no trabalho.

De acordo com uma pesquisa revelada nesta quinta-feira (14/10) pela empresa de consultoria Imaginacción e pela rádio chilena Cooperativa, somente 42,3% dos entrevistados apostam que “as empresas farão um esforço para melhorar as condições de segurança laboral de seus funcionários”.

Quase a totalidade das pessoas, 96,6%, crê que a insegurança no trabalho transcende o âmbito da mineração, e defende que o Estado deveria investir mais nessa área. Já 60,6% opinam que “não são bem cumpridas” as normas sobre o tema.

Finalmente, 87,4% dos entrevistados declararam que deveria haver mais recursos previstos no orçamento nacional para melhorar as condições laborais, enquanto 12% não veem isso como uma necessidade.

Depois que os 33 homens foram resgatados com sucesso em Copiapó, onde estavam presos a 700 metros de profundidade, o presidente Sebastián Piñera defendeu que cabe a todos “melhorar as situações de vida e os procedimentos para resguardar a vida dos trabalhadores, mas não somente da mineração”.

Mais cedo, a irmã de um dos operários retirados do local ontem, Darío Segovia, afirmou que “ao mineiro não lhe dão nem o respeito nem o lugar que lhe pertence” e que no Chile, os empresários “usam o trabalhador de classe média para ficarem ricos, e o trabalhador mineiro morre doente e pobre”.

Os debates sobre as condições de segurança laboral se intensificaram no país após o desmoronamento que bloqueou os homens na mina em 5 de agosto. Eles só foram descobertos 17 dias depois, quando as autoridades já consideravam “difícil” encontrá-los com vida.

Desde então, eles passaram a receber assistência e tiveram início as atividades de resgate que culminaram na retirada do primeiro mineiro, Florencio Ávalos, por volta da meia-noite da terça-feira.

A operação vem sendo considerada a maior do tipo já realizada na história da mineração — um dos principais setores que movem a economia do Chile, e que anualmente registra um alto índice de acidentes trabalhistas.

Do Opera Mundi