Militares se rebelam no Equador e o clima de tensão se instaura no país

Mais de 800 militares da tropa da Polícia Nacional do Equador se rebelaram hoje (30), em Quito, em protesto à suspensão do pagamento de bônus, gratificações e promoções. A manifestação ocorre no mesmo dia em que o presidente equatoriano, Rafael Correa, examina a possibilidade de dissolver o Congresso, com base na Constituição do país, e antecipar as eleições gerais. As informações são da Agência Pública de Notícias do Equador (Andes).

Os policiais protestam contra a aprovação da Lei do Serviço Público, aprovada pela Assembleia Nacional, que elimina a concessão de benefícios para os servidores que receberam promoções, prêmios e títulos. Na manhã de hoje houve manifestações nos principais quartéis de Quito. Nos arredores dos prédios foram queimados pneus e houve confrontos entre os manifestantes e os simpatizantes de Correa.

O ministro do Interior, Gustavo Jalkh, foi designado por Correa para explicar a decisão do governo. “Ninguém fez tanto pela polícia como este governo”, afirmou Jalkh. “Eu jamais imaginei que uma instituição como a Polícia Nacional faria isso porque era um setor que tem nos ajudado muito”, disse.

Ele ressaltou que, enquanto alguns estão sendo reduzidos a “receber presentes”, do outro lado há a procura de um salário decente, mas os manifestantes mantiveram a sua posição de rejeição cantando slogans contra o presidente.

O ministro de Coordenação de Segurança, Miguel Carvajal, disse que a situação foi gerada pela “desinformação” e que aguarda que a situação seja esclarecida. Pela manhã, os militares rebelados se reuniram com ministro da Defesa, Javier Ponce, e do Interior, Gustavo Jalkh. Mas, de acordo com os manifestantes, a conversa não foi satisfatória pois eles insistem na revogação da lei sobre os bônus e as gratificações.

Pela manhã, antes das manifestações, a ministra de Política, Doris Solís, disse que Correa estuda adotar um mecanismo, autorizado pela Constituição equatoriana, denominado “morte cruzada” que dá ao presidente da República poderes de dissolver o Congresso quando há ameaças ao desenvolvimento do país, entre outras circunstâncias.

Desde janeiro de 2007 no governo, Correa adotou nova Constituição e, em abril de 2009, foi reeleito presidente. O mandato de Correa termina em 2013. Na região, Correa tem relações próximas com os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, da Bolívia, Evo Morales, e também com o ex-presidente Fidel Castro.

Da Agência Brasil