Milhares protestam contra medidas de austeridade na Europa

Apesar da ação da polícia, manifestantes continuaram o protesto
Dezenas de milhares de pessoas de toda a Europa se encontraram em Bruxelas, Bélgica, nesta quarta-feira, para protestar contra medidas de austeridade aprovadas por alguns governos europeus.

Manifestantes também foram às ruas na Grécia, Itália, Irlanda e Letônia. A Espanha também está enfrentando um dia de greve geral, com paralisações nos transportes e serviços públicos.

A Confederação Europeia dos Sindicatos afirmou que cerca de 100 mil pessoas marcharam na região onde ficam os prédios oficiais da União Europeia em Bruxelas.

Enquanto os protestos ocorriam, em meio a muitos manifestantes e cartazes, a polícia isolou a sede da administração da União Europeia e fez barricadas em volta de bancos e lojas de Bruxelas.

No entanto, os milhares de manifestantes continuaram avançando com apitos e cornetas em direção aos prédios oficiais, de acordo com o repórter da BBC em Bruxelas Nick Childs.

Em meio ao protesto, o chefe do sindicato francês Force Ouvrière, Jean Claude Mailly, afirmou que ainda há tempo para repensar as medidas de austeridade.

“Nunca é tarde demais, pois as medidas de austeridade estão sendo estabelecidas agora”, disse o sindicalista à BBC.

“Então, estamos em um período de movimentos sociais de uma natureza diferente, que terão um grande peso nas próximas semanas e meses. Existe uma forte tensão social”, acrescentou.

Madri e Irlanda
Os sindicatos da Espanha também iniciaram uma greve geral e protestos nesta quarta-feira, marchando em Madri e tentando fechar os acessos à capital espanhola.

Grupos de grevistas foram vistos em Madri entrando nas lojas e bancos para tentar obrigar os funcionários a fechar os estabelecimentos. Além de Madri, também ocorreram protestos em Barcelona.

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Na Irlanda, um homem jogou uma betoneira, coberta de frases contra os bancos, contra os portões do Parlamento da capital, Dublin, em um suposto protesto contra a ajuda crescente do governo aos bancos.

A Confederação Europeia dos Sindicatos afirma que os manifestantes organizaram os protestos para expressar a insatisfação com os planos de vários governos europeus de cortes nos orçamentos que “podem levar a Europa para a recessão”.

O sindicato afirma que a crise financeira, que descreve como a pior no bloco desde a década de 1930, já deixou 23 milhões de pessoas sem emprego em toda a Europa.

Os sindicalistas temem que as medidas de austeridade que estão sendo implementadas por vários governos do bloco possam “resultar em ainda mais desemprego”.

Manifestante de Dublin era contra bancos
“Nós não causamos esta crise. A conta tem que ser paga pelos bancos, não pelos trabalhadores”, disse a confederação.

A organização exige que governos garantam estabilidade no emprego, proteção social e aposentadorias melhores.

Recuperação
De acordo com o repórter da BBC em Bruxelas Christian Fraser, a recuperação da economia europeia ainda é frágil e nem mesmo começou em alguns países. Além disso, muitos temem que os cortes possam provocar mais problemas.

Muitos governos nos 27 países do bloco já impuseram cortes em salários, aposentadorias e empregos, para tentar pagar as dívidas cada vez maiores.

Na Grécia e na Irlanda os números relativos ao desemprego atingiram os níveis mais altos dos últimos dez anos. Na Espanha o desemprego dobrou nos últimos três anos.

Na Grã-Bretanha o governo planeja cortar os gastos em 25% em algumas áreas. A França, por sua vez, já foi palco de protestos violentos devido ao plano de aumentar a idade mínima para aposentadoria.

Da BBC Brasil