Achatamento salarial nos EUA tem relação com baixíssimo índice de sindicalização
A exemplo do Brasil, só é possível combater as crises do capitalismo globalizado com a organização dos trabalhadores em suas entidades de classe
Em reportagem publicada no jornal Valor Econômico, da última quarta-feira (4), o jornalista estadunidense Edward Luce, do Financial Times, escreveu a reportagem “A agonia da classe média americana sobre a crise dos estratos médios norte-americanos”.
Na reportagem, ele faz longa abordagem dessa crise que já dura cerca de 20 anos e que ganhou contornos mais agudos com a “grande estagnação”, de 2008.
“Há também aqueles, como Paul Krugman, colunista do ´The New York Times´ e ganhador do Prêmio Nobel de Economia, que atribuem a culpa ao mundo político, especialmente à reação conservadora iniciada quando Ronald Reagan chegou ao poder, em 1980, o que acelerou o declínio dos sindicatos e reverteu os traços mais progressistas do sistema fiscal americano”, chama atenção Luce.
Baixíssimo índice de sindicalização
O que chama a atenção na reportagem, é o fato de o jornalista atribuir o agudo achatamento salarial da classe média norte-americana aos baixos índices de sindicalização dos trabalhadores do setor privado norte-americano.
“Menos de um décimo dos trabalhadores do setor privado americano pertence a um sindicato. As pessoas na Europa e no Canadá estão sujeitas às mesmas forças globalizantes e tecnológicas, mas fazem parte em maior número de sindicatos, e seu atendimento médico é coberto por verbas públicas. Mais de metade das falências de famílias nos EUA são causadas por doença ou acidente graves”, argumenta.
Com perfil individualista, o trabalhador oriundo da classe média – seja norte-americana ou de qualquer outra nacionalidade – estará sujeito às intempéries das crises cíclicas do capitalismo, pois não há solução individual para enfrentamento dessas crise.
Exemplo brasileiro
Quando a crise do sistema financeiro estadunidense atingiu a economia real brasileira, em setembro de 2008, o movimento sindical, por meio das centrais propôs uma série de medidas anticíclicas como forma de combater a estagnação da economia.
As medidas deram certo e o Brasil foi o último a ser dragado pela crise e o primeiro a sair dela. De qualquer sorte fica a lição, não é possível combater as crises do capitalismo globalizado sem a organização dos trabalhadores em suas entidades de classe.
Leia abaixo a íntegra da reportagem:A agonia da classe média americana
Da Agência Diap