Entenda as razões da badalação em torno do Fórum Econômico Mundial
Evento iniciou sua 40ª edição anual nesta quarta-feira (27), em Davos; na sexta, o presidente Lula receberá homenagem Estadista Global, inédita na história do fórum
O Fórum Econômico Mundial iniciou nesta quarta-feira sua 40ª edição anual na estação de esqui suíça de Davos. Alguns dos principais líderes empresariais e políticos mundiais estarão presentes nos cinco dias do evento, até domingo (31). O encontro teve sua primeira edição em 1971, então conhecido pelo nome de Simpósio Europeu de Administração.
A BBC preparou uma série de perguntas e respostas para ajudar a explicar o crescimento do fórum e a razão de tanta atenção ser dedicada a ele.
Por que o encontro de Davos é tão popular?
Alguém poderia pensar que é o esqui na neve que atrai algumas das pessoas mais poderosas do mundo às montanhas suíças (embora isso provavelmente ajude).
O que é mais importante que isso, porém, é que há centenas de sessões e mesas redondas cobrindo assuntos que vão desde administração de risco corporativo à luta contra a pobreza, passando por outros temas como as mudanças na sociedade provocadas pelas mídias sociais.
Porém a verdadeira razão para estar em Davos é a chance de fazer contatos importantes com mais de 2,5 mil dos principais líderes mundiais em vários setores.
Esta é uma chance de trocar ideias com as pessoas-chave em sua área, de poder sentir as tendências no humor geopolítico mundial e recarregar as baterias do cérebro com novas ideias e informações.
Parece interessante. Posso ir também?
Aqui é que está o problema. A entrada para o evento é só para convidados. As grandes companhias, logicamente, pagam por sua afiliação ao Fórum Econômico Mundial, o que dá a elas o direito de enviar seus presidentes ou principais diretores.
Junto deles estão líderes políticos – presidentes, primeiros-ministros e ministros – de todo o mundo.
O fórum também convida uma pequena porção de empreendedores sociais (que trabalham por causas nobres sem ter como objetivo grandes lucros), pioneiros da tecnologia e ativistas de centrais sindicais ou de organizações como a Anistia Internacional ou a Oxfam.
Também há alguns artistas, líderes religiosos e muitos jornalistas de toda parte do mundo.
Cerca de 90 países estarão representados em Davos neste ano.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva estará presente, na sexta-feira, para receber o prêmio de Estadista Global concedido pela organização do fórum.
Sobre o que eles estarão falando?
O encontro de Davos é sempre um bom barômetro sobre o que está acontecendo no mundo. Há dois anos, o fórum havia sido um bom indicador de que a crise financeira poderia ficar muito pior do que muitos antecipavam.
No ano passado, com o sistema financeiro global ameaçado e o colapso do crescimento econômico mundial, os participantes estavam com um humor sombrio.
Neste ano, o tema do encontro é “Repensar, Redesenhar, Reconstruir”. Se você acreditar na pauta do fórum, o mundo superou o pior da crise financeira e agora é o momento de pensar sobre as reformas – como as companhias são dirigidas, como as instituições financeiras são reguladas e como os problemas globais podem ser atacados.
Apesar de o encontro ainda cumprir com sua imagem de clube dos capitalistas, há também várias vozes críticas convidadas, com lugares proeminentes na agenda do evento.
Tudo o que eu lembro sobre Davos são as imagens de Angelina Jolie e Brad Pitt no fórum… eles estarão lá novamente?
É melhor não perguntar isso aos organizadores. Há alguns anos, estrelas como Angelina Jolie, Claudia Schiffer e Sharon Stone roubavam a maioria dos lugares sob os holofotes.
Apesar de eles irem a Davos para apoiar boas causas, sua presença também refletia a exuberância da bolha econômica.
Como os tempos econômicos se tornaram mais difíceis, poucas celebridades foram convidadas para Davos neste ano.
O escritor Paulo Coelho, o diretor do filme Avatar, James Cameron, a escritora Margaret Atwood e o pianista Lang Lang estão entre os “líderes culturais” participantes do evento.
O principal motor de Davos, porém, serão participantes como o presidente da França, Nicolas Sarkozy, o fundador da Microsoft, Bill Gates, e o presidente do Google, Eric Schmidt.
Pense em qualquer grande empresa do mundo, tanto de economias industrializadas como de países em desenvolvimento, e são grandes as chances de que elas estarão representadas no evento.
Como os organizadores conseguem atrair toda essa gente?
O fórum é uma criação do professor alemão de administração de empresas Klaus Schwab.
Em 1971 ele resolveu convidar presidentes de companhias europeias para discutir em Davos estratégias de negócios.
Ao longo dos anos, o evento foi alargando sua pauta e atraindo convidados mais importantes, o que por sua vez o tornou ainda mais atraente para outros grandes nomes.
O fórum é administrado por uma organização sem fins lucrativos. Cerca de mil grandes empresas do mundo são membros pagantes do fórum.
Com tanta gente importante presente, os organizadores devem ter muitas histórias interessantes para contar…
O fundador do fórum, Klaus Schwab, pode ter sido a única pessoa do mundo a ter desligado o telefone na cara de um presidente francês.
Nos anos 1970, ele pediu à sua secretária para telefonar ao “senhor Giscard d´Estaing”. Ele queria falar com Olivier Giscard d´Estaing, o homem responsável pela escola de administração Insead.
Mas a ligação foi feita para o palácio presidencial da França e sua ligação prontamente atendida pelo então presidente Valery Giscard d´Estaing , irmão de Olivier.
Ao ouvir a voz característica do presidente francês, Schwab entrou em pânico e desligou o telefone.
Da BBC Brasil