Futura primeira-dama de El Salvador destaca liderança de Lula

A futura primeira-dama mora há 16 anos em El Salvador. Além de atuar na embaixada brasileira como diretora do Centro de Estudos Brasileiros naquele país, ela representa o PT na América Central

A brasileira Vanda Pignato será a primeira-dama de El Salvador. Ela é casada com o jornalista Mauricio Funes, que assume a presidência do país no dia 1º de junho. Em entrevista, ela classificou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como um “líder popular moderno, aberto, com forte intuição e agudíssima sensibilidade social”.

A futura primeira-dama mora há 16 anos em El Salvador. Além de atuar na embaixada brasileira como diretora do Centro de Estudos Brasileiros naquele país, ela representa o PT na América Central.

Leia a íntegra da entrevista de Vanda Pignato ao site UOL Notícias:
Qual a sua visão sobre El Salvador e seu povo? Considera o povo salvadorenho politizado?
El Salvador é um país apaixonante. O seu povo é afetuoso, tem um grande espírito de luta e muita consciência política. Apesar da campanha suja feita contra Funes e a FMLN, os salvadorenhos o elegeram e não se dobraram diante das calúnias e da campanha destinada a provocar o medo, que falava em onda de desemprego e em criação de dificuldades nas relações com os EUA.

Qual é a visão dos salvadorenhos sobre o Brasil?
A visão dos salvadorenhos em relação ao Brasil é de muita admiração. Hoje, eles já têm muita informação sobre o nosso país, graças ao trabalho de divulgação que temos feito por aqui nos últimos anos e pela projeção do Brasil a partir do governo do presidente Lula.

A senhora participou da construção do projeto político apresentado por Funes durante a campanha? Como contribuiu?
Sim. Participei com sugestões voltadas para a área social de nosso programa de governo, produto de minha experiência de mais de 25 anos de atuação política no Brasil e em El Salvador. Uma de minhas principais propostas adotadas pelo programa de governo de Funes foi o Cidade Mulher, que consiste na construção de grandes centros de apoio à mulher nas áreas de capacitação profissional, microcrédito, assistência jurídica e de saúde.

Na sua opinião, o que pesou mais para o povo de El Salvador ter escolhido Funes? As consequências da guerra civil, as dificuldades econômicas pelas quais o país passa, os quase 20 anos da coalizão do Arena ou os esses três fatores juntos?
É óbvio que todos estes fatores tiveram o seu peso. Mas é importante registrar que, além de tudo isso, Funes encarnou um sentimento de esperança muito forte. A imensa maioria dos salvadorenhos, mesmo aqueles que não votaram nele por medo, deseja uma mudança profunda na maneira de governar o seu país. Eles não estavam aguentando mais a sucessão de políticas econômicas postas em prática pelos governos da Arena nos últimos 20 anos e que só beneficiaram uma minoria. Estas políticas são as principais responsáveis pela imigração de mais de 2 milhões de salvadorenhos para os Estados Unidos e outros países.

Como deverá ser a relação de El Salvador com o Brasil daqui para frente? Em qual aspecto a senhora acha que as relações entre Brasil e El Salvador precisam ser aprofundadas? E como deverá ser o relacionamento entre Lula e Funes?
Acho que as relações entre o Brasil e El Salvador poderão melhorar muito daqui para frente, em especial na ampliação do fluxo comercial entre os dois países, que ainda é muito pequeno, mas que tem grande potencial para crescer. El Salvador pode ser um ponto de partida para o Brasil ampliar suas relações comerciais e culturais com os demais países da América Central. Para isso acontecer, sem dúvida alguma, a amizade entre Lula e Funes vai ajudar muito.

Como pretende desempenhar o papel de primeira-dama de El Salvador? Já sofreu algum tipo de preconceito ou ataque por ser uma estrangeira?
Ao lado de Funes, vou continuar trabalhando para aprofundar as relações entre El Salvador e o Brasil, como já vinha fazendo em meu trabalho na embaixada, e também porque considero que esta aproximação é boa para os dois países. Da parte do povo salvadorenho, só tenho recebido carinho e simpatia. Posso dizer com segurança que nunca fui alvo de preconceito, a não ser da parte de uma minoria de donos de jornais a serviço da Arena. Mas, se isso não nos atrapalhou na campanha, certamente não nos atrapalhará no governo.

A senhora conhece o presidente Lula. Qual sua opinião sobre ele?
Conheço o presidente Lula há mais de 20 anos, ou seja, muito antes de ele se tornar presidente. Mas desde aquela época ficou claro, para mim, que ele era uma figura muito especial. Um tipo de líder popular moderno, aberto, com forte intuição e agudíssima sensibilidade social. Não é por acaso que ele esteja fazendo, hoje, o governo que faz e se torne, a cada dia, um líder com maior expressão internacional. Trata-se de uma pessoa rara e seu sucesso decorre exatamente disso.

Do UOL