CNV revela novas provas de dois estudantes desaparecidos e de Stuart Angel

A Comissão mostrou possível local de sepultamento dos estudantes e novas informações sobre o caso de Stuart Angel

A Comissão Nacional da Verdade revelou novas provas sobre a morte de três presos políticos durante a ditadura do regime militar (1964-1985). Depois de uma perícia, foi possível identificar que dois estudantes tidos como desaparecidos no Rio de Janeiro – Joel Vasconcelos Santos, em 1971, e Paulo Torres Gonçalves, em 1969 – foram enterrados como indigentes. A CNV também encontrou novas provas sobre o desaparecimento de Stuart Angel, filho da estilista Zuzu Angel.

 O militante do PCdoB e integrante da União da Juventude Patriótica (UJP), Joel Santos, desapareceu aos 21 anos, após ser preso no Morro do Borel, no Rio de Janeiro. Junto com Antônio Carlos de Oliveira e Silva, foi levado a um quartel da PM e, de lá, para a Polícia do Exército, na Barão de Mesquita, onde foram presos e torturados pelo DOI-Codi.

Após a pesquisa em fichas datiloscópicas e documentos de pessoas sepultadas como indigentes no Instituto Félix Pacheco e no IML, a CNV conseguiu identificar que as digitais de Joel foram registradas como a de um homem que deu entrada no IML em 19 de março de 1971, por meio da realização de novo laudo de perícia. A versão “oficial” apontava que Joel foi atropelado. O estudante foi enterrado no Cemitério Ricardo de Albuquerque, na zona norte do Rio.

O estudante Paulo Torres desapareceu aos 19 anos, após sair de sua casa, no dia 26 de março de 1969, para ir ao colégio. A família veio a descobrir que Paulo teria sido preso pelo DOPS do antigo Estado da Guanabara, e transferido para a Marinha.

O mesmo método de pesquisa de Joel foi feito com Paulo pela Comissão Nacional da Verdade. As digitais do estudante revelaram que ele também foi sepultado como indigente, no cemitério da Cacuia, na Ilha do Governador, em 16 de abril de 1969.

Já o caso de Stuart Angel obteve mais respostas. A investigação do núcleo pericial da CNV ocorre desde outubro de 2013, depois do depoimento do capitão reformado Álvaro Moreira, informando que o militante foi assassinado por agentes da Aeronáutica, sob tortura, em maio de 1971, com 26 anos. Ele teria sido enterrado na cabeceira da pista da Base Aérea de Santa Cruz, na zona oeste do Rio de Janeiro.

Com a informação, a Comissão pesquisou e descobriu no acervo fotográfico da Polícia Civil uma nova prova. Em 1976, a base aérea passou por uma ampla reforma pela construtora Cetenco. Em um canteiro de obras dessa empreiteira, no centro do Rio, foi localizada uma ossada com o crânio quase completo.

As fotos foram submetidas à análise comparativa craniofacial, no Centro de Ciências Forenses da Universidade de Northumbria em Newcastle, na Inglaterra, e pela equipe do legista Marco Aurélio Guimarães no Centro de Medicina Legal da USP, em Ribeirão Preto. Os dois exames concluíram que o crânio pode ser de Stuart Angel, não havendo elementos que descomprovem a similaridade.

Do blog do Nassif com informações da CNV