“Sempre fomos um polo de resistência à ditadura militar”, diz Rafael Marques

O presidente do Sindicato, Rafael Marques, destacou o papel de resistência dos Metalúrgicos do ABC, ao lembrar ontem os 50 anos do golpe militar ocorrido em 31 de março de 1964, que perseguiu, prendeu, torturou e assassinou quem se opunha ao regime autoritário.

 “Temos orgulho de sempre ter sido um polo de resistência e luta pelo restabelecimento da democracia no Brasil”, afirmou o dirigente.

Pesquisa Datafolha divulgada no último domingo aponta que 62% dos brasileiros aprovam o regime democrático como sendo o melhor para garantir direitos e deveres de todos os cidadãos.

Outro dado relevante, ainda segundo o estudo, é que 73% dos entrevistados são contra a tortura, prática corriqueira durante a ditadura.

“Além de o regime perseguir os trabalhadores, impedindo qualquer tipo de manifestação pública, greves e até mesmo de se reunirem, o presidente do Sindicato, na gestão de 1965 a 1967, Affonso Monteiro da Cruz, teve que fugir do País para não ser morto”, lembrou Rafael.

Mesmo assim, com Lula presidindo os Metalúrgicos do ABC, já em78, os companheiros desafiaram a ditadura militar e iniciaram uma campanha pela democracia, dentro e fora das fábricas.

 “Essa linha do tempo, desde a resistência ao golpe até as manifestações pelo fim do regime, mostra que nosso Sindicato tem o compromisso permanente com as liberdades democráticas e nos orgulhamos disso”, defendeu.

Estados Unidos

Ao mesmo tempo, o presidente do Sindicato afirmou que é inaceitável a participação dos Estados Unidos em ações que promoveram e financiaram, clandestinamente, os golpes militares no Brasil e outros países da América Latina, mas que só agora são divulgados.

“Repudiamos qualquer investigação clandestina, como ocorreu durante a ditadura ou o que aconteceu recentemente com espionagens, em pleno governo de Barack Obama, de emails da presidenta Dilma Rousseff”, ressaltou Rafael.

 “Tudo isso não é necessário, já que o Sindicato recebe anualmente a visita do vice-cônsul dos Estados Unidos, que de forma diplomática e transparente procura saber dos planos da entidade”, contou o presidente.

Segundo ele, isso acontece pelo prestígio dos Metalúrgicos do ABC e pela responsabilidade social que a entidade adquiriu ao longo de sua história. “Não vemos problema algum em disponibilizar informações de forma democrática. O que não aceitamos de maneira alguma é uma investigação obscura, clandestina”, concluiu.

Dívida deixada pela ditadura militar atingiria R$ 2,88 trilhões

Além das perseguições, prisões, torturas e assassinatos, a ditadura iniciada há50 anos deixou como herança uma dívida externa que permaneceu impagável ao longo da primeira década da redemocratização.

Ao final de 1984, último ano completo sob a ditadura, o Brasil devia a governos e bancos estrangeiros o equivalente a 53,8% de seu Produto Interno Bruto, ou seja, de toda a renda gerada no País. Em valores de hoje, seria como se o Brasil devesse R$ 2,88 trilhões.

Hoje sobra

Mas a situação era ainda mais dramática porque, na época, dois terços do endividamento externo eram principalmente responsabilidade do governo federal.

Hoje, a dívida externa está na casa dos R$288 bilhões enquanto as reservas do Banco Central superam R$888 bilhões. Isto significa que o Brasil tem dinheiro suficiente para pagar toda a sua dívida externa e ainda sobrariam R$ 600 bilhões.

Da Redação