Memória: Protestos agitam São Paulo e apressam campanha por diretas


Desempregados derrubam parte do gradil do Palácio dos Bandeirantes.
Foto: Matuite Mayezo / Folha Imagem

Uma manifestação pacífica de 2.500 desempregados realizada em 4 de abril de 1983 a partir do Largo13 de Maio, em São Paulo, foi duramente reprimida pela polícia.

Em resposta, uma onda de violência com saques e protestos sacudiu durante três dias as ruas da Zona Sul e do Centro da capital, resultando em 577 prisões e 127 feridos.

Os movimentos populares puxavam as manifestações, que exigiam o fim da inflação de 150% ao ano e do desemprego, resultados de uma política econômica recessiva em um País endividado, pendurado em empréstimos junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

Os manifestantes, porém, não esperaram a dura repressão policial de um governo de oposição à ditadura militar como o de Franco Montoro (PMDB), empossado na primeira eleição direta desde o golpe de 1964.

Montoro só recebeu uma comissão de desempregados após tentarem invadir o Palácio dos Bandeirantes e derrubarem parte do gradil de proteção. Mas não assumiu nenhum compromisso com a criação de postos de trabalho.

A resposta frustrou a população, que iniciou os saques a supermercados e lojas. A forte repressão policial espalhou os protestos também para o Centro, com pancadaria e prisões.

Dois dias depois, Montoro prometeu a abertura de 40 mil postos em frentes de trabalho e a distribuição de alimentos aos desempregados.

Manifestações como essa mostravam a reorganização dos movimentos que desembocaram na campanha pelas Diretas Já no ano seguinte, apressando o fim da ditadura militar.

Da Redação