Memória: Categoria desafia ditadura militar em 1979
No Paço de São Bernardo, milhares de metalúrgicos decidem manter a greve. Foto: Arquivo / SMABC
No dia 21 de março de 1979, os metalúrgicos estavam em greve há oito dias reivindicando 65% de reajuste e o clima era tenso. Era a primeira grande greve de uma categoria desde que a ditadura militar tomara o poder, em 1964.
A repressão era violenta e aumentou depois que os trabalhadores decidiram manter a greve, que havia sido declarada ilegal pelo Tribunal Regional do Trabalho.
As ruas centrais de São Bernardo estavam tomadas pela tropa de choque da Polícia Militar, com a cavalaria e soldados com cães. Os metalúrgicos não se deixavam intimidar e, nas assembleias diárias realizadas no Estádio da Vila Euclides – atual 1º de Maio – eles reafirmavam a disposição de continuar com a greve.
O movimento ganhou o apoio da sociedade, que naquele momento saía às ruas exigindo uma anistia ampla, geral e irrestrita.
No dia 23 de março, os sindicatos de metalúrgicos sofrem intervenção do governo federal com a destituição das diretorias. Os dirigentes afastados, porém, continuam no comando.
O movimento continuou até o dia 27, quando os metalúrgicos aprovam uma trégua de 45 dias para a reabertura das negociações, que define um reajuste de 63%. O acordo foi aprovado dia 13 de maio.
O saldo da paralisação foi político. As greves espalharam-se pelo País e naquele 1979 cerca de 3,2 milhões de trabalhadores cruzaram os braços.
O caminho para a redemocratização do Brasil já havia sido mostrado e era um caminho sem volta.
Da Redação