Memória: Movimento por trabalho na Ford tem repercussão internacional

 


Foto: Januário F. da Silva

O movimento pelo emprego promovido pelos trabalhadores na Ford no início de 1999 ganhou apoio da sociedade, teve repercussão no mundo todo e fez com que a montadora voltasse atrás nas 2.800 demissões anunciadas.

A resistência operária durou mais de seis semanas e foi um dos marcos da luta dos trabalhadores em garantir postos de trabalho abertos mesmo num período recessivo.

A montadora deu férias coletivas a partir de 18 de dezembro e, em seguida, enviou os telegramas para a casa dos trabalhadores.

O Sindicato e a Comissão chamaram todos para uma assembleia no dia 15 de janeiro, data de retorno das coletivas.

O encaminhamento foi o de não aceitar as demissões, pois os trabalhadores precisam de trabalho.

Aos gritos de “queremos trabalhar”, todos passaram pelas catracas e ocuparam seus postos de trabalho. A resistência metalúrgica ganhou o País, as mensagens de solidariedade eram diárias, de dentro e fora do Brasil e doações de alimentos chegavam de toda parte. Em São Bernardo, as manifestações públicas pela manutenção dos postos de trabalho eram diárias.

Os sindicalistas ocupavam as tribunas das câmaras para denunciar que a conta amarga da recessão estava sendo paga apenas pelos trabalhadores. O presidente do Sindicato, Luiz Marinho, vai à Brasília cobrar uma solução do governo federal e do Congresso. FHC negou tudo, inclusive o seguro desemprego.

Em 25 de fevereiro, depois de 46 dias de resistência dos trabalhadores, a Ford suspende as demissões, abre voluntariado e coloca parte do pessoal no lay-off, figura aprovada pelo Congresso em que o trabalhador fica em casa por um período determinando recebendo o salário sem o depósito do FGTS e sem o INSS. Era uma maneira de preservar os postos de trabalho.

Na assembleia que decidiu pelo fim do movimento, o presidente de honra do PT, Lula, disse que era um caso inédito, o de a empresa tomar a decisão de demitir em massa e depois voltar atrás. “Acho que a partir de agora muitos trabalhadores não vão mais se resignar quando forem cortados”.

Da Redação