“Sindicato quer regras para a mídia e ampliar seus meios de Comunicação”, afirma Valter Sanches

Nesta edição da série sobre as diretrizes estabelecidas pelo Sindicato para suas ações – Trabalho, Cidadania, Comunicação e Educação –, o diretor de Comunicação Valter Sanches explica porque a Comunicação é estratégica para a entidade.

Tribuna Metalúrgica– Por que a Comunicação é um dos eixos escolhidos para nortear as ações do Sindicato?

Valter Sanches – É uma questão estratégica. A Comunicação hoje é como um quarto poder, totalmente dominado por interesses comerciais por empresas, onde os trabalhadores não têm voz e suas imagens são distorcidas. Nela os sindicatos são tratados como se fossem contra o interesse nacional e nossa atuação é totalmente alterada. Por isso a Comunicação é tão importante para nós.

TM – Como o trabalhador é afetado por isso?

Sanches – Se falarmos de forma mais ampla, no conjunto da sociedade, toda pessoa que não está dentro de um padrão estético, comercialmente vendável, é excluída da mídia. Se a pessoa não é branca, bonita, jovem, com um corpo sarado, ela não aparece. Uma pessoa comum não tem espaço na grande mídia. O mesmo acontece com os movimentos sociais.

TM – O que o Sindicato pensa disso?

Sanches – Ninguém gosta de ver as crianças expostas às cenas de violência, propaganda de bebidas, ao consumismo desenfreado ou programas que ela não tem capacidade de compreender. Então, o Sindicato se soma a todas as entidades da sociedade civil que lutam por uma regulamentação da Comunicação no Brasil, que não tem nada a ver com censura, mas que, como qualquer setor na sociedade, tem que ter regras.

TM – Como os Metalúrgicos do ABC se posicionam neste enfrentamento?

Sanches – São duas vertentes. Uma é nesta soma pela regulamentação da Comunicação que, infelizmente, os 12 anos de governo petista, com enormes avanços, nada avançou na questão da Comunicação. As verbas publicitárias do governo continuam sendo destinadas aos mesmos veículos tradicionais de sempre. Não existe qualquer regulamentação sobre propriedade cruzada, há um monopólio econômico e editorial de dez famílias no Brasil. A segunda vertente, e talvez o Sindicato seja um dos pioneiros nesta questão, é construir meios próprios de comunicação.

TM – Como acontece esta construção?

Sanches – O Sindicato está à frente de vários segmentos sociais porque há 30 anos luta por ter meios próprios de comunicação, como TV e rádios, e vem construindo a plataforma da Revista do Brasil, o ABCDMaior, a TVT, a Rádio Brasil Atual, além dos propriamente sindicais, como a Tribuna Metalúrgica, os jornais dos CSEs, dentre outros, além dos sites. Entendemos que temos que construir também, ao invés de ficar chorando que não temos acesso à comunicação. A categoria já destinou uma quantia substantiva de recursos para a Comunicação. É um investimento muito caro, mas muito importante.

TM – Como o Sindicato classifica os veículos que investe?

Sanches – É importante que se diga que o Sindicato não tem um veículo mais importante que o outro. Na verdade, temos que tentar estar em todos os segmentos possíveis de Comunicação para dialogar com o conjunto da sociedade.

TM – E em relação às novas mídias?

Sanches – Faz parte do projeto do Sindicato investir e deixar todas as portas abertas para se expressar e receber conteúdos, interagindo com a categoria e com o público em geral. Estamos finalizando o processo de implantação da TV digital em São Paulo, que dá uma série de outras possibilidades com um canal com interatividade, com informações simultâneas, que é uma nova forma de se relacionar com quem acessa e lê seus conteúdos. Os jovens, principalmente, querem interagir. Eles querem elogiar, xingar, trocar, dar opiniões e temos que estar prontos e abrindo este espaço, porque nossa categoria é cada vez mais jovem.

TM – Mas o custo do projeto de Comunicação do Sindicato é alto. Como financiá-lo?

Sanches – O Sindicato continuará investindo, mas obviamente também vai buscar patrocínio e parcerias para somar no projeto e ajudar a sustentá-lo.

Da Redação