Combater a precariedade no trabalho é prioridade no setor naval

Com uma visita as estaleiros Mauá e STX, em Niterói (RJ), foi encerrada na última quarta-feira (21) a reunião anual do Grupo de Trabalho Internacional dos Trabalhadores do  Setor Naval. O encontro, organizado pela IndustriALL com o apoio da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, teve início no dia 19, e reuniu trabalhadores do Japão, Coreia do Sul, França, Holanda, Dinamarca, Noruega, Chile e Brasil.
 
Durante a reunião, foi apresentado um panorama sobre o setor em todo o mundo e debatido um dos principais problemas que acarretam na precariedade de trabalho no setor: a logística reversa e a responsabilidade pelo desmanche de navios.
 
Ainda hoje, de acordo com os participantes, persiste a lógica de os países mais ricos construírem as embarcações, restando aos mais pobres, como Paquistão, Bangladesh e Índia, a responsabilidade pelo desmanche, que é feito nas piores condições de trabalho. No total, só nesses três países, 120 mil operários trabalham no desmanche e, em muitos casos, nem mesmo água potável têm para beber durante a sua jornada diária.
 
Por isso, o GT de Trabalho definiu como uma das bandeiras de luta dos trabalhadores a de que é atribuição de quem constrói o desmonte de navios. “A construção e o desmanche fazem parte do mesmo ciclo. Não podemos admitir que os locais com menor organização sindical sejam os escolhidos pela indústria naval para o desmonte. Temos de interromper esse processo de precariedade com a nossa união e com a solidariedade internacional”, destacou Edson Carlos Rocha da Silva, que é trabalhador do estaleiro Mauá, secretário de administração e finanças da CNM/CUT e coordenador do GT do Setor Naval no Brasil.
 
No Brasil
 
O setor naval emprega atualmente 55 mil trabalhadores no Brasil. Este número é cinco vezes maior do que há 10 anos. E o setor no país, de acordo com os dados da IndustriALL, é um dos que está apresentando maior crescimento mundial (o que está mais crescendo é a China). “O potencial de geração de empregos na indústria naval é imenso. Para cada emprego direto, quatro indiretos são gerados”, lembrou o coordenador.
 
A recuperação da indústria naval no Brasil começou a ocorrer a partir de 2003, com a decisão do governo Lula de construir em território nacional as plataformas da Petrobras.

Da CNM-CUT