Em iniciativa inédita, Fiat chama trabalhadores para discutir instalação de fábrica em Goiana (PE)

A Fiat anunciou nesta segunda-feira, no Recife, a construção de um modelo inédito de participação na construção da futura fábrica de veículos de Goiana, na Mata Norte do Estado. A montadora aposta na participação e planejamento social, para evitar problemas sociais futuros, não apenas na área trabalhista.
 
A expectativa é de que a fábrica comece a ser construída no início do ano que vem. Antes mesmo da construção da unidade, entretanto, a empresa reuniu-se nesta segunda (24) com a representação dos trabalhadores, para coletar sugestões. O encontro deve ser repetido a cada dois meses. Na mesma linha, a empresa planeja reunir-se com as prefeituras da região e falar dos projetos sociais.
 
Pelo lado dos trabalhadores, estiveram participando da reunião o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Betão, além do presidente da CUT, Sérgio Goiana. Pelo lado da empresa, o interlocutor foi o executivo responsável pelas Relações Industriais na América Latina, Adauto Duarte.
 
“Nunca vi isto antes. Já me chamaram para ver fábrica já pronta, antes da inauguração. É louvável”, observou Betão.
 
O presidente da CUT também elogiou a iniciativa. “Em um ambiente saudável, as pessoas produzem melhor. Em Suape, vemos muitos problemas sociais e trabalhistas hoje justamente porque não se teve esta preocupação. Discutir as condições de trabalho antes da empresa se instalar pode servir para evitar futuros conflitos”, afirmou.
 
Adauto Duarte contou que nem em Betim, Minas Gerais, a empresa teve oportunidade de colocar o mesmo planejamento em prática. Lá, são produzidos 17 modelos, por 25 mil trabalhadores, com a produção de 750 mil carros por ano, nem mesmo assim há registro de greves nos últimos 25 anos.
 
A relação de assuntos abordados no encontro incluiu, inicialmente, transporte, alimentação do trabalhador e vestuário. Já os trabalhadores demosntraram preocupação com a qualificação, com reforço da escolaridade e formação cidadã. No total, o projeto vai demandar 4,5 mil empregos.
 
Após o encontro, Adauto Duarte revelou uma importante preocupação da Fiat, durante a implantação do projeto. A montadota gostaria de não alterar o fluxo migratório na região, mesmo que tenha que suportar um custo mais elevado de transporte. A idéia é que os trabalhadores constratados, em até 10 cidades no entorno de Goiana, continuem morando em suas cidades, de modo que o desenvolvimento se dê de modo descentralizado, com a renda gerada a partir do pólo. A Fiat estuda até mesmo criar um sistema de transporte para que essas pessoas não precisem mudar-se para Goiana, o que inevitavelmente geraria distúrbios sociais para o município.

Neste momento, a empresa está justamente desenhando como será a fábrica e por onde começa a construção.

Da CUT Nacional