Intransigência de Kassab enterra o serviço público em SP

Desde que assumiu o cargo, em 2005, prefeito mantém reajuste de 0,01% para a categoria

Os servidores municipais de São Paulo continuam em greve nesta sexta-feira, (2), devido à intransigência do prefeito Gilberto Kassab em não querer negociar e radicalizar a posição de que não haverá diálogo. 

“O que não podemos aceitar é qualquer tentativa que venha a ferir o direito de greve. Os servidores de São Paulo há anos não conseguem corrigir seus salários e tem o direito legítimo de reivindicar e fazer greve, uma vez que o diálogo e a negociação estão cada vez mais distantes. A ampla maioria dos servidores municipais aderiram a greve e esperamos que isso seja respeitado”, defendeu Adi dos Santos Lima, presidente da CUT-SP.  

Os servidores reivindicam um reajuste salarial de 39%. A categoria acumula 16 anos sem ter a reposição das perdas salariais, além do fato de que nem mesmo a inflação é corrigida há 5 anos. Desde que Kassab assumiu o cargo, em 2005, a prefeitura mantém o reajuste de 0,01% para os servidores, mesmo com uma inflação acumulada de cerca de 28%, segundo o IPC (Índice de Preço ao Consumidor). 

O percentual de 39% representa a reposição salarial de 2005 até 2011 a todas as categorias. Esse valor seria reajustado em cima de um piso salarial no valor de R$ 540,39. “Quando a imprensa diz que a greve afeta o serviço público, ela esquece de dizer das condições a que estão sujeitas os trabalhadores desse serviço, com salários que correspondem a basicamente um salário mínimo, sofrendo assédio moral e sem ter planos de carreira. Sem contar também que a imprensa não reporta a péssima qualidade do serviço oferecido pela Prefeitura. A postura conservadora e até o próprio preconceito em noticiar um movimento grevista, faz com que a cobertura não corresponda a sua função, pois os trabalhadores nunca são ouvidos, apenas julgados. Agora, pergunta para o jornalista que noticiou o fato se gostaria de ganhar um salário mínimo, sofrer assédio e não ter reposição salarial há anos”, contesta João Batista Gomes, diretor do Sindsep e Secretário de Políticas Sociais da CUT-SP. 

A Prefeitura de São Paulo aumentou o orçamento anual de 15,2 bilhões, em 2005, para 35,6 bilhões em 2011. Esse acréscimo no orçamento serviu de base para o cálculo de reajuste do prefeito, vice e secretários. Entretanto, para os trabalhadores que atuam nos serviços públicos, tão essenciais para a população, como reproduz o discurso da grande mídia, o reajuste foi de 0,01%. 

No primeiro semestre, a Secretaria de Planejamento ainda propôs aumentar de R$ 540,00 para R$ 630,00 o piso salarial dos servidores, porém seria feito por meio de gratificação e não por alteração na lei. “Essa gratificação proposta no passado pelo secretário de planejamento, Roberto Chamas, foi ridícula, porque aumento salarial, além de não se fazer através de gratificação, não pode privilegiar alguns trabalhadores”, criticou Paula Leite, a Presidenta da FETAM (Federação dos Trabalhadores Municipais do Estado de São Paulo). 

Os agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) e os professores da rede municipal de ensino conseguiram a aprovação da reposição salarial via projeto de lei e atingem reajustes anuais superiores a 10%. É isso que reivindicam todos os servidores municipais. Eles pedem que toda a categoria possa ter reajustes salariais justos e sem diferenciação entre trabalhadores. 

Ao todo, mais de 70% dos funcionários do serviço funerário aderiram à paralisação, além dos funcionários da Secretaria do Verde e Meio Ambiente, subprefeituras e Secretaria de Finanças. Porém, foram mantidos alguns trabalhadores nos postos para que o serviço público não fique totalmente paralisado, uma vez que parte da população depende dele. Para isso, os servidores prepararam um material para dialogar com a população. 

Confira aqui a carta aberta dos servidores municipais à população de São Paulo.

Da CUT Nacional