Liminar do Sinergia-CUT impede demissões no Call Center da CPFL

O Sinergia CUT (Sindicato dos Trabalhadores Energéticos do Estado de São Paulo) obteve no início da noite da última sexta (05) uma primeira vitória em relação à batalha contra as demissões no Call Center da CPFL. A juíza da 10ª Vara do Trabalho de Campinas, Rita de Cássia Scangliusi do Carmo concedeu liminar que impede as demissões em razão da chamada reestruturação do Call Center, incluindo as dispensas realizadas no último dia 04, até o julgamento final.

A obtenção dessa liminar é resultado da luta do Sinergia CUT em defesa de emprego e manutenção de postos de trabalho com qualidade e não precarização do serviço junto aos consumidores. Assim que tomou conhecimento da intenção da CPFL em realizar a desativação do Call Center de Campinas, no último dia 04, o Sindicato apresentou o pedido de liminar para suspender as ações previstas na chamada reestruturação do Call Center. Isso depois de esgotar todas as tentativas de negociação diretamente com a CPFL para evitar as demissões.

Vale destacar que a liminar pode ser cassada pela empresa a qualquer momento, mas o Sindicato considera esta uma primeira vitória para os trabalhadores que estão sendo demitidos arbitrariamente pela CPFL.

Na quinta (04) pela manhã, a CPFL convocou os 135 trabalhadores do Call Center a comparecer à sede da empresa para oficialmente efetuar o processo de desligamento. Segundo dirigentes do Sinergia CUT, os trabalhadores fizeram diversas perguntas aos representantes da CPFL, mas a maioria permaneceu sem respostas, apenas com o sentimento de indignação e frustração.

No período da tarde, o Sinergia CUT promoveu uma reunião de esclarecimentos aos trabalhadores demitidos, que lotou o auditório do Sindicato. A área jurídica orientou e informou os trabalhadores sobre as ações que estão sendo apresentadas pelo Sinergia CUT.

Protesto
O Sinergia CUT realizou um ato de protesto na sexta (05) na sede da empresa, denunciando a ilegalidade das demissões. “Estão usando a concessão pública para criar empresas para precarizar as condições de trabalho, o que é inadmissível”, afirma a direção do Sinergia CUT.

“Meu sentimento é de frustração, porque estivemos todos presentes quando a empresa precisou de nós, inclusive para treinar os trabalhadores da CPFL Atende em Ourinhos e Araraquara. É impossível que uma empresa desse tamanho não tenha como reaproveitar esses 135 trabalhadores do Call Center”, declarou Lucilene Batista, que integrava o quadro efetivo da CPFL há cinco anos e oito meses. A trabalhadora, viúva com dois filhos, compareceu à CPFL na quinta para receber a notícia da desativação do Call Center de Campinas.

O Call Center é atividade-fim, cuja terceirização foi proibida pela Justiça. Mas a CPFL tem burlado essa decisão, promovendo uma terceirização disfarçada ao criar novas empresas dentro do grupo com outros CNPJs para prestarem serviço de teleatendimento. Durante o ato de protesto, os dirigentes do Sindicato referiram-se ao processo de reestruturação do Call Center como “terceirização branca”.

Para a direção do Sinergia CUT, a  prática da CPFL é ilegal. “É uma tentativa fraudulenta de burlar a legislação, o contrato de concessão e decisões judiciais para gastar menos e aumentar lucros em cima da precarização das condições de trabalho e em detrimento do bom atendimento à população”.

Isso porque, ao criar a CPFL Atende com centrais em Ourinhos e Araraquara, paga aos trabalhadores dessas empresas piso inferior ao dos trabalhadores as sede. Segundo apuração do Sinergia CUT, o trabalhador da CPFL Atende recebe R$ 600, enquanto os trabalhadores do Call Center em Campinas tinham o piso salarial de R$ 1.170. Outros exemplos da chamada “terceirização branca” são a CPFL Serviços (que presta serviços operacionais) e a Central de Serviços Compartilhado (prestadora de serviços na área administrativa), ambas criadas pela CPFL.

Fazendo mais e melhor
Há tempos o Sindicato combate essa tentativa da empresa em precarizar as condições de trabalho no Call Center.  Em 2000, Sindicato e empresa homologaram na Justiça um Acordo para garantir que o Call Center fosse centralizado em Campinas, com atendimento exclusivamente através de trabalhadores do quadro próprio. Com as demissões, a empresa descumpriu o Acordo Judicial.

 

Da CUT Nacional