Bancários têm poucos avanços em rodada da campanha

Discussão da campanha salarial termina com muitos impasses; negociações com Banco do Brasil começaram

O Comando Nacional dos Bancários pontuou para a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) os diversos problemas da categoria bancária devido às más condições de trabalho nas agências bancárias em todo o País, na segunda rodada de negociação que ocorreu nesta quinta-feira (02/09), em São Paulo.

De acordo com os trabalhadores, pressão, assédio moral, metas abusivas e falta de segurança atormentam o cotidiano bancário e contribuem para o adoecimento dos trabalhadores do sistema financeiro. O Comando dos bancários aponta ainda que mesmo que em cada 10 bancários, 8 reclamam das condições de saúde e trabalho impostas pelos bancos, os banqueiros não apresentaram soluções, e nem quiseram discutir concretamente as reivindicações dos trabalhadores sobre as metas abusivas.

“É triste saber que os lucros estão acima dos problemas que afligem os trabalhadores. Nós acreditamos que é possível melhorar as condições de trabalho da categoria. Acreditamos que as pessoas devem ser mais valorizadas e mais respeitadas em seus locais de trabalho. Não podemos assistir o adoecimento dos bancários frente a tanta pressão e cobranças”, destaca o secretário Geral do Sindicato dos Bancários do ABC, Eric Nilson, que esteve presente na negociação.

Segurança
Neste ponto, a discussão obteve um pequeno avanço. A Fenaban concordou em permitir o acesso dos sindicatos às estatísticas a cerca da segurança bancária a cada seis meses; emissão obrigatória do boletim de ocorrência em caso de assalto ou seqüestro de funcionários; e atendimento médico ou psicológico no local de trabalho.

É preciso mais – Outra reivindicação da categoria é o fim do transporte de valores pelos bancários. Sobre este assunto, os banqueiros alegaram que não há empresas especializadas para este serviço em todas as localidades. Segundo o Comando, este não é um problema do bancário, por isso o mesmo não pode ser penalizado. É uma irresponsabilidade arriscar a vida de um trabalhador como vem acontecendo.

Dia Nacional de Luta – A próxima rodada de negociação acontece nos dias 8 e 9/9 e vai discutir emprego e condições de trabalho. O Comando Nacional dos Bancários orienta que os sindicatos façam um Dia Nacional de Luta na quarta-feira, sobre os temas a ser tratados na próxima reunião.

Negociações com Banco do Brasil começam
O Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT (Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) e assessorado pela Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil, deu início nesta quinta-feira (02/09) às negociações específicas da Campanha Nacional 2010 com a instituição financeira.

A reunião teve tom conciliador e, em comum acordo, as duas partes estabeleceram um calendário oficial. Desse modo, as negociações ocorrerão nos dias 17 e 21 de setembro.  Também foi acordada a prorrogação, por mais 30 dias, do ACT (Acordo Coletivo de Trabalho).

Durante o encontro de quinta-feira, os bancários cobraram, principalmente, melhorias na área de saúde do trabalhador, o combate ao assédio moral e criticaram a retirada das portas giratórias de algumas agências do banco.

Assédio Moral – A comissão de trabalhadores repudiou as metas impostas pelo Banco do Brasil e ressaltou a necessidade da instituição rever sua política, inclusive a de enviar torpedos para os funcionários fora do horário de serviço.

O banco afirmou ser contrário ao envio de torpedos aos trabalhadores após o expediente e também à instalação de centrais “clandestinas”.

Para o diretor do Sindicato dos Bancários do ABC, Otoni Lima, “o trabalhador deve ser respeitado em qualquer situação. O banco não pode interferir na vida do funcionário fora do local de trabalho”.

Saúde – Na questão da saúde, foram debatidos pontos relacionados aos atestados médicos e às licenças maternidades e médicas. Os bancários querem que o banco continue pagando auxílio-refeição aos trabalhadores afastados temporariamente, assim como pedem a não divulgação dos problemas de saúde que geraram o afastamento.

O Comando Nacional também destacou a necessidade da volta dos ambulatórios. O banco, no entanto, explicou que novos SESMT (Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho) terão uma nova estrutura, sem os ambulatórios convencionais.

Ainda foi pedido o ressarcimento de gastos com o EPS (Exame Periódico de Serviço) realizados fora da região de atuação do bancário. O banco disse desconhecer esta prática e orientou os funcionários a não se deslocarem.

“Tivemos muitas reivindicações colocadas, mas poucas decisões no que diz respeito às condições de saúde do trabalhador. Esperamos que, nas próximas negociações, a empresa traga soluções para as diversas reivindicações da Comissão de Empresa”, comenta a diretora do Sindicato dos Bancários do ABC, Marilda Marin.

Portas Giratórias – O Banco do Brasil alegou que a remoção das portas não diminui a segurança e explicou que a mudança faz parte de um projeto do banco de reformular as agências.  Os bancários, por sua parte, discordam da atitude e prometem possíveis manifestações.
 
Transferências – Os dirigentes sindicais solicitaram agilidade nas transferências ocasionadas por problemas de saúde do funcionário ou de parentes. O BB garantiu que, em casos de gravidez, a transferência é imediata.

Democracia nas Cipas – Insatisfeita com o atual modelo de composição das Cipas (Comissões Internas de Prevenções de Acidentes), a Comissão de Empresa solicitou eleição para todos os cargos do órgão. O banco insistiu na tese de que a Cipas deve ser paritária.
 
Outros temas – Os bancários cobraram garantia da comissão aos funcionários afastados por doença, a extinção das centrais de cobranças clandestinas, a reformulação do BB 2.0, o aumento da idade dos filhos que podem ser acompanhados pelos pais em atendimentos médicos e o um programa de prevenção aos funcionários do teleatendimento.

Os sindicalistas também destacaram a importância de oferecer 10 minutos de descanso para os caixas, além de incluir os 15 minutos diários em sua jornada de trabalho.

Do ABCD Maior, com informações do Sindicato dos Bancários do ABC