O acesso de mulheres a cargos de chefia

Nesta semana, como já noticiado na tribuna, a Subseção Dieese divulgou um estudo com o perfil da metalúrgica do ABC. Dentre todas as informações de mudanças que ocorreram no decorrer dos anos com essa categoria feminina, uma mudança ainda caminha a passos lentos: o acesso de mulheres a cargos de chefia.
Segundo o estudo, há uma participação reduzida de mulheres nos cargos de gerência e direção: somente 6,8% das mulheres exercem cargos de chefias nas montadoras contra 4,4% nos outros segmentos da base. Tentar entender porque isso ainda ocorre é bem complexo.
Há alguns dias, um noticiário de TV chamou a atenção para um fato de duas mães que deixaram seus filhos menores abandonados em casa e foram para uma festa. Houve um massacre da mídia com o descuido dessas mulheres com seus filhos. Onde estavam os pais dessas crianças? Por que, apesar de tantas mudanças no comportamento humano, ainda recai sobre as mulheres toda a responsabilidade na criação dos filhos?
Não é esse o único motivo elencado como obstáculo a um cargo mais alto, mas é com certeza o que mais exige das mulheres decisões e mudanças em suas vidas (e não são poucas). A tarefa de conciliar carreira e filhos não é fácil e aquelas que não abdicam de jeito nenhum de agregar família a sucesso profissional procuram encontrar soluções intermediárias para que a receita dê certo, como trabalhar em empresas mais flexíveis.
Porém, não são raros os casos de mulheres que deixam de lado a carreira profissional em nome da família e sofrem com piores colocações profissionais, poucas oportunidades e menores salários.
O fato é que ainda há muito que avançar no campo das relações familiares. Respeitar a mulher que trabalha fora de casa ou não é a proposta da “nova família”. Dividir as responsabilidades domésticas e conciliar família com carreira profissional deve ser uma meta tanto para mulheres quanto para homens que lutam por uma sociedade mais justa.