A militância pela vida

Alex e Juliana, pais do garoto Breno continuam a luta pela doação de medula óssea.

“Vamos continuar com esse trabalho”

Durante quatro anos, o dia da professora Juliana de Araújo Santos estava voltado aos cuidados com o filho Breno, que tinha síndrome mielodisplásica com aplasia medular e sua única chance de cura era o transplante de medula óssea.
Toda semana ela levava o garoto ao Hospital das Clínicas, em São Paulo, onde ela passava por uma bateria de exames que durava o dia inteiro. Mensalmente, o garoto recebia transfusão de sangue.
Para encontrar um doador compatível para o filho e outros pacientes na fila de espera, Juliana e o marido Alex Moura, trabalhador na Mercedes realizaram três campanhas em São Bernardo junto com a Associação da Medula Óssea (AMEO).
Breno morreu no final de maio. Mas Juliana e o marido vão continuar sua luta para aumentar o número de doa-dores de medula no País e tentar proporcionar uma chance de vida às cerca de 2.400 pessoas que estão na fila do transplante.

Como é essa superação por parte da família?
A ausência de Breno é difícil. A rotina em torno dele ocupava meu dia. Toda semana eu passava um dia inteiro no Hospital. Agora estou redirecionando meus dias e me dedicando mais a meus outros filhos, a Rafaela, com dois anos, e o Pedro, com dois meses.

Qual o saldo das campanhas?
Nas três campanhas, em junho de 2007, março de 2008 e maio de 2009, conseguimos o cadastramento de Amais de nove mil pessoas. Aqui em São Bernardo foram as maiores campanhas já realizadas no Brasil, o que mostra a solidariedade das pessoas da região.
Se elas não ajudaram a encontrar um doador para o Breno, soube que foram localizados pelo menos três doadores compatíveis com outros pacientes.

Você agora é uma militante da causa?
Continuarei esse trabalho, até mesmo em homenagem ao Breno. Ele me ensinou a ser solidária. Senão, vamos contra nossos princípios. Muitas crianças precisam e, por falta de transplante, morrem. Mesmo porque a maioria não consegue doador e isso é inadmissível para nossa sociedade.

Qual o grande aprendizado da mãe Juliana?
Breno teve uma vida curta, mas especial. Nunca reclamava, deixava o que era ruim para trás e gostava de festa. Fizemos tudo o que foi possível para ele ser feliz. Mesmo assim, dava mais para a gente do que nós para ele.
Ele mostrou que devemos ser felizes em cada momento, aproveitar as coisas boas, ser positivo e solidário e que a dor do outro pode ser amanhã a nossa dor.