Indicada pelo Sindicato, jovem vai estudar Medicina em Cuba

Neta de metalúrgico aposentado, Bruna Cristina Buava, que sonha ser médica desde criança, ganhou uma bolsa de estudos

Ela ainda não tinha 10 anos de idade e já sabia que queria ser médica. “O cuidado e a assistência sempre me encantaram”, conta a auxiliar de enfermagem Bruna Cristina Buava, 22 anos, que há uma semana está em Cuba, onde realizará o sonho de estudar Medicina.

Ela conquistou uma bolsa de estudos por indicação do nosso Sindicato que, desde o ano passado, tornou-se uma das entidades cadastradas pelo governo cubano para indicar um estudante.

O que parece mágica, porém, teve como impulso muita determinação, estudo e uma ajudinha do acaso. “Há dois anos eu voltava de uma prova do vestibular quando encontrei um rapaz que me contou que estudara Engenharia em Cuba, com uma bolsa de estudos obtida via Partido dos Trabalhadores. Fui me informar e descobri que havia outras instituições que poderiam tornar isso possível, inclusive o Sindicato desde o ano passado”, relata.

Rigor
Com a ajuda do avô Argemiro Batista da Silva, metalúrgico aposentado e ex- trabalhador na Fris Moldu Car, Bruna entrou em contato com a entidade e começou a se preparar para o processo seletivo: a série de requisitos feita pela embaixada cubana exige documentação rigorosa, testes psicológicos, redações, conhecimento do sistema de saúde e o compromisso de atuação do médico em projetos sociais. É preciso determinado perfil que sustente o desejo do candidato e, no caso da auxiliar de enfermagem, não faltou conhecimento nem tampouco envolvimento social.

Trabalhadora na Vigilância Sanitária de São Bernardo, Bruna já participava do conselho gestor do Centro de Referência de Saúde do Trabalhador (Cerest) de São Bernardo  e atuou junto ao conselho municipal de Saúde da cidade por indicação do Sindisaúde ABC. “Foi assim que aprendi tudo que sei sobre o SUS, o que me ajudou muito na entrevista da embaixada”, explica.

Bruna lembra que veio para o mercado de trabalho muito jovem e não teve a oportunidade de estudar em escolas caras ou fazer cursinho preparatório para o vestibular de medicina, um dos mais disputados do País. Entre os requisitos para a bolsa estão justamente a renda familiar, que deve ser baixa, e a faixa etária, até os 25 anos.

Expectativas
Durante todo esse tempo de preparo, que já dura meia década, Bruna sempre contou com o apoio do irmão e dos avós, com quem vive desde os 7 anos, quando a mãe faleceu. “Agora tudo aconteceu tão rápido – a prova, o resultado, o embarque – que foi o maior chororô aqui em casa. Nunca nos deixamos. Mas eles estão felizes pela minha realização”, destaca.

Longo tempo
O curso em Cuba vai durar seis anos e meio, parte em Havana e parte em Camaguey, e a interação com os pacientes ocorre logo após os primeiros seis meses. A medicina de Cuba é reconhecidamente uma das mais eficientes do mundo, por sua atenção preventiva e humanitária.

Além dos familiares, a conquista de Bruna está sendo comemorada pelos Sindicatos que a acompanham. Ela recebeu homenagem no final do 2º Congresso das Mulheres Metalúrgicas, no sábado, 27 de março. “Foi nosso reconhecimento à jovem e a seu esforço de tornar um sonho realidade”, comemorou Simone Vieira, coordenadora da Comissão de Mulheres.

A conquista também foi muito comemorada pela própria Bruna, que não esconde a grande expectativa em viver em território cubano. “Caramba! Vou conviver com um sistema financeiro que nunca vi, um SUS extremamente bem organizado, uma escola com grande diversidade cultural, de ensino forte”, enumera, destacando que sempre pensou na medicina como doação de vida à própria vida. “É cuidar do que há de mais precioso, pois sem vida não há mais nada”, avalia. Os pacientes do futuro, desde já, agradecem à dedicação da doutora Bruna.

Bolsas
Cuba oferece várias bolsas de estudos a alunos do mundo todo. O número varia de ano a ano e curso a curso. No caso de medicina foram 10 oferecidas neste ano. Além da indicação do Sindicato, as bolsas vão para estudantes indicados por entidades como CUT, MST, partidos etc.

Por Maria Angélica Ferrasoli, do SindiSaúde ABC, com redação