Cúpula Sindical acontece em momento histórico para América Latina

Evento, que conta com expressiva participação cutista, começou com o lançamento da campanha "Mais igualdade salarial entre homens e mulheres"

O auditório da central sindical uruguaia PIT-CNT, em Montevidéu, ficou pequeno diante da determinação e do compromisso das lideranças presentes ao painel “Balanço político e conjuntura atual para a integração”, que abriu da IX Cúpula Sindical do Cone Sul na manhã desta segunda-feira (7).

Dirigentes das 13 centrais presentes deram seu testemunho sobre as lutas desenvolvidas no período e dos desafios para os trabalhadores para o ano de 2010. Durante o evento, que conta com expressiva participação cutista, foi lançada a campanha “Mais igualdade salarial entre homens e mulheres”.

Para Rafael Freire, secretário de Política Econömica e Desenvolvimento Sustentável da Confederação Sindical das Américas (CSA) e veterano dirigente cutista, o evento “ocorre em um momento de recuperação e alto protagonismo do movimento sindical da região que, em meio a festa da eleição de Pepe Mujica no Uruguai e da vitória do povo boliviano”. Esta nova fase, assinalou, está sendo vitaminada por intensa mobilização, com a força da esperança e da luta contra o neoliberalismo, a instalação de bases estadunidenses na Colômbia e a construção de uma integração soberana”.

O secretário geral da CSA, Victor Baez Mosqueira, ressaltou que “em meio ao aprofundamento da crise econômica financeira que se agudiza também do ponto de vista social, ambiental, alimentar e energético, afirmamos nesta Cúpula a defesa de uma integração justa com melhor distribuição da riqueza, superando o modelo neoliberal”.

Membro do secretariado da CUT-Chile, Guillermo Scherping, avalia que “estamos avançando para a construção de um modelo alternativo ao neoliberalismo. O movimiento sindical iniciou a tomar consciëncia de sua força, da sua capacidade de influenciar a região”.

Para Hugo Yasky, secretário geral da CTA-Argentina, “este é um momento em que se aprofunda a luta no marco da integração, que deve deixar de ser somente comercial para iniciar a construir uma base material, latino-americana e independente, redefinindo o papel do Estado no desenvolvimento econômico e social, afirmando uma distribuição da riqueza mais justa”.

“A lição que nos brinda o povo boliviano é que quando há clareza na direção, unidade e mobilização popular, o triunfo acontece”, acrescentou Bernardo Rojas, presidente da CUT- Paraguai.

Da mesma forma, Wagner Gomes, presidente da CTB-Brasil, assinalou que “esta Cúpula é uma demonstração da força do sindicalismo contra o neoliberalismo que tantos danos fez ao nosso continente e pela afirmação de nossos direitos. Em nome da Federação Sindical Mundial (FSM), sublinhou, “trazemos nossa palavra de afirmação e defesa da mais ampla unidade para conseguirmos avanços na luta popular em nosso país e em todo o nosso continente”.

Segundo o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o momento é extremamente rico: “Por nossa experiência de unidade no Brasil, conquistamos melhoras no poder aquisitivo, baixamos as taxas de juros e avançamos na luta para conquistar a democracia nos locais de trabalho. No próximo ano vamos voltar a marchar unitariamente com uma candidatura comprometida com os movimentos populares”.

Representando a CGT da Argentina, Rafael Hidalgo, ressaltou os apóstolos do neoliberalismo queriam a classe trabalhadora como mão-de-obra barata e inculta, alienada, porém aqui estamos pensando a América como uma Pátria grande, com nossos pontos de unidade se sobrepondo aos interesses do capital monopolista e do latifúndio midiático”.

Desde Paraguai, José Tomás, da CUT, apontou: “A solidariedade que este encontro expressa frente ao povo hondurenho é essencial pois isso não é um fato isolado, mas uma forma ou instrumento que poderá ser usado contra outros países da região. Nossa luta é para garantir uma integração real, sem assimetrias”.

A secretária de Relações Internacionais da CGTB-Brasil, Maria Pimentel, lembrou que embora haja muita propaganda a respeito de uma hipotética recuperação, a crise no centro da economia capitalista fica evidenciada quando a taxa de desemprego alcança o patamar dos 17,5%. “Agora os bancos privados norte-americanos aportam dezenas de trilhões de dólares para derrubar nossas exportações e utilizar estes recursos para comprar nossas empresas estatais e capturar nossos mercados com esse dinheiro sem nenhum lastro. Necessitamos enfrentar isso com o fortalecimento do mercado interno dos nossos países e para isso é preciso aumentar os salários e reduzir as jornadas”.

Durante o evento foi lançada a campanha “Mais igualdade salarial entre homens e mulheres”, já que a desigualdade é um dos aspectos mais concretos da discriminação no mundo do trabalho. São das mulheres os empregos com pior remuneração e os postos com mais dificuldade de evolução funcional.

Na região, as mulheres ganham aproximadamente 30% menos que os homens. Entre as bandeiras da campanha está a exigência do cumprimento pelos governos do Convênio 100 da OIT, que estabelece igualdade de remuneração para o mesmo trabalho. As mulheres também reivindicam igualdade de participação nas negociações coletivas.

Da CUT