Direção Nacional da CUT realiza última reunião de 2009

Último encontro do ano discute perspectivas para 2010 e formula resolução sobre Honduras

Direitos humanos, criminalização dos movimentos sociais e o papel da mídia frente aos cenários 2010 foi o tema do debate sobre conjuntura que abriu a reunião da Direção Nacional da CUT, realizada em São Paulo nos dias 26 e 27 de novembro. O presidente nacional, Artur Henrique, e o secretário-geral, Quintino Severo, abriram os trabalhos que contou a participação de Nilmário Miranda, presidente da Fundação Perseu Abramo.

Nilmário Miranda iniciou sua contribuição ao debate dizendo que a crise está superada no Brasil, mas deixou sequelas em alguns setores, como no financeiro, já que os bancos privados continuam com pouca oferta de crédito e juros altos. Nilmário também aponta que mesmo havendo um reflexo decorrente da desoneração, o país não sofreu recessão. “Ao contrário, há um superávit positivo na exportação e todos os indicadores de desigualdade foram positivos. Porém, mesmo com tudo isso, a oposição se utiliza da mídia quase que semanalmente para tentar provocar uma crise política. O caso do apagão é um exemplo, em que tentaram transformar o fato em uma crise, mas não conseguiram. Outro exemplo é o caso Battisti, onde tentaram politizar na ânsia de gerar uma crise internacional. Mas não está mais pegando, não está tendo reflexo na sociedade”.

Sobre as eleições 2010, o presidente da FPA sublinhou que o debate será de projeto. “De certa forma isso é bom para nós, pois temos projeto, diferente da oposição, cujo projeto é tentar criar crises e divulgá-la em sua mídia. O projeto de 40 horas semanais de trabalho, defendido pelo CUT e demais centrais é um bom exemplo disso, pois não é apenas uma pauta sindical, é uma pauta do país e a grande mídia não fala nada sobre isso. Se negam a divulgar que o patamar de desenvolvimento técnico-cientifico que o Brasil alcançou exige 40 horas”.

Durante a reunião, a Direção Nacional fez uma avaliação da 6ª Marcha da Classe Trabalhadora como a maior já realizada desde a primeira, em 2003. “A CUT e as centrais conseguiram reunir em Brasília 50 mil trabalhadores e trabalhadoras de todos os estados, representando todas as categorias e ramos de atividade econômica e a grande imprensa não divulgou uma linha sobre isso, ressalta Artur Henrique. “A mídia sabe de várias de nossas pautas, como a redução da jornada de trabalho, mas não divulga porque não a interessa, já que estão a favor da oposição. Portanto, noticiam exaustivamente o apagão e não falam de graves acidentes que aconteceram em São Paulo, como no Rodoanel, a queda do sino da praça da Sé, enchentes etc”.

Os trabalhos da Direção Nacional também incluíram a aprovação das diretrizes construídas durante a reunião de planejamento da Central, realizada Executiva Nacional da CUT nos dias 24 e 25 de novembro.

Além de encaminhamentos sobre questões internas da CUT, foram feitos informes que envolvem a participação da Central em alguns fóruns, como a 1ª Conferência Nacional de Comunicação e a Conferência do Clima em Copenhagen, importantes eventos em que a CUT apresentará propostas. Os dirigentes também foram posicionados sobre projetos que tramitam no Congresso, como Terceirização e Pré-Sal.

Finalizando os trabalhos, a Direção Nacional da CUT aprovou Resolução sobre a atual situação de Honduras. Confira abaixo:

“A Direção Nacional da CUT, reunida em São Paulo nos dias 26 e 27 de novembro de 2009, vem a público reafirmar sua completa solidariedade e apoio à Frente Nacional de Resistência contra o Golpe em Honduras, em particular às centrais sindicais e sindicatos hondurenhos que jogam um papel central nessa luta democrática, repudiando o recrudescimento das ações de repressão por parte do governo golpista contra lideranças do movimento popular e sindical que ocorre às vésperas das eleições ilegítimas de 29 de novembro, ações que custaram a vida, dentre outras, do dirigente da Frente de Resistência, o professor aposentado de 56 anos Luis Espinal, encontrado morto em 25 de novembro depois de ter sido interceptado por uma patrulha policial em barreiras que cercam a capital do país.

A CUT, que se fez presente no mês de julho passado em Honduras para expressar sua solidariedade ao movimento de resistência contra o golpe, parabeniza o governo brasileiro por não reconhecer a farsa eleitoral de 29 de novembro e denuncia a atitude cúmplice com os golpistas por parte do governo dos EUA, o qual pretende dar legitimidade a eleições realizadas sem a volta do presidente Manuel Zelaya ao posto para o qual foi eleito pelo povo e que são boicotadas por vários partidos e candidatos independentes.

A CUT reafirma que a única saída para o impasse em Honduras é a restituição do presidente legítimo ao poder e a convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte Soberana tal como exige a Frente Nacional de Resistência contra o Golpe.

Viva a luta de resistência do povo e dos trabalhadores de Honduras!

Abaixo os golpistas!

Da CUT