Revista do Brasil de novembro explica o aquecimento global

Obesidade infantil, a internet como vício, eleições uruguaias, paramilitares colombianos e autoestima da população negra são alguns dos temas de novembro

A edição de novembro (nº 41) da Revista do Brasil traz na capa o importante tema do aquecimento global. Em artigo, Bernardo Kucinski aborda a conferência sobre mudanças climáticas convocada para dezembro em Copenhague, Dinamarca, onde, segundo ele, “o protocolo de Kyoto pode ser enterrado”. Diz ainda que o fracasso em negociações para o combate ao aquecimento mostra que, mesmo estando em jogo uma catástrofe ecológica, países ricos não abandonam estratégias de dominação.

Em entrevista ao editor Paulo Donizetti de Souza, o professor Carlos Nobre, integrante dos órgãos da ONU sobre mudanças climáticas, não considera Kyoto um fracasso total, mas alerta que o mundo não tem mais escolha, e que a partir de 2012 precisa “discutir o pós-Kyoto”, e se impor metas muito mais ambiciosas contra o aquecimento, sem agravar as desigualdades entre ricos e pobres. A entrevista esclarecedora de Nobre dá um puxão de orelha em todos nós: “O indivíduo tem de querer deixar de ser presa fácil da sociedade de consumo. Quando meu pai comprou o primeiro carro – ele operário, minha mãe operária -, a família inteira comemorou. Mas aquele veículo era mais um símbolo do que uma necessidade. A valorização excessiva do bem material é a característica da sociedade de consumo e da qual o sistema todo de mercado se beneficia, exacerbando o desejo das pessoas de ter, e acumular… Pra quê? O importante é viver bem”, desafia.

Como mostra a reportagem de Miriam Sanger, o ditado “criança gordinha é criança saudável” é falso. E perigoso. Nas últimas décadas a obesidade infantil virou o bicho papão das crianças. E os pais precisam admitir o problema para buscar soluções que não tragam complicações para o futuro de seus filhos.

Thiago Domenici traz reportagem sobre o vício de internet e alerta que ficar diante de um computador conectado à rede e seu uso prolongado e contínuo afastam pessoas do mundo real, atrapalham o rendimento escolar ou profissional, causam danos físicos e psicológicos. E podem até matar.

“No meio do caminho”, título da matéria de viagem de Thais Castilho, o belo Vale do Paty e suas trilhas, na Chapada Diamantina. Mauro Santayana condena a perseguição da bancada ruralista ao MST e lembra que as reformas agrárias sempre foram atos de astúcia dos governantes e fazem parte da história das grandes democracias. Mas alguns se esquecem disso. Na seção “Em transe”, Rodrigo Savazoni lembra o efeito Obama ao analisar a nova lei eleitoral brasileira que libera o uso da web nas campanhas eleitorais.

O repórter João Peres esteve em Medellín, Colômbia, e conheceu paramilitares que se reintegraram a sociedade plantando flores e reciclando materiais. “(…) o Estado não nos amparou. O mais fácil era pegar em armas porque era a cultura em que a gente vivia”, revelou um ex-integrante dos esquadrões da morte que atuam na Colômbia.

Na economia, Roberto Rockmann, fala da pressão do mercado financeiro para que o BC volte a subir a taxa básica de juros. Maurício Hashizume, da ONG Repórter Brasil, foi a Campos Lindos (TO), município que cede suas terras para os gigantes da soja, mas ostenta o maior índice de pobreza do país.

E mais: Morena Madureira faz um perfil da documentarista inglesa Lorna Lavelle, ex-moradora de rua e ex-viciada, e seu novo trabalho no Brasil. O jornalista Marco Aurélio Weissheimer explica como a gestão da governadora Yeda Crusius (PSDB) paralisou o Rio Grande do Sul. Frédi Vasconcelos foi ao Uruguai acompanhar as eleições presidenciais e relata o clima para o segundo turno – no primeiro, a esquerda ganhou com folga, mas ainda não levou.

Em entrevista exclusiva à Juliana Nunes, o ministro Edson Santos, da Promoção da Igualdade Racial, fala dos avanços das políticas afirmativas e da autoestima em ascensão da população negra. As dicas culturais e a crônica de José Roberto Torero sobre a violência no futebol fecham a edição. Já nas bancas.

Da Revista do Brasil