Metalúrgicos do ABC protestam contra fechamento e demissões na Makita

Trabalhadores demitidos e companheiros de toda a categoria farão caminhada da Sede do Sindicato até a praça da Igreja Matriz

Os Metalúrgicos do ABC fazem manifestação nesta terça-feira (06), a partir das 19h, em frente à Igreja Matriz de São Bernardo, em protesto contra a multinacional japonesa Makita, que fechou sua fábrica na cidade e demitiu 285 trabalhadores, no início de setembro.

Os trabalhadores, com o apoio de toda a categoria, farão uma caminhada, com velas acessas nas mãos, do prédio do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC até a Praça da Matriz. Os companheiros prometem ainda levar uma alegoria que simboliza uma das principais ferramentas produzidas pela Makita, a serra.

No último sábado (3), os trabalhadores panfletaram na Marechal Deodoro, rua com grande concentração de lojas de eletrodomésticos – clientes da Makita -, para denunciar à população e aos clientes da empresa o descaso com os demitidos. “Enquanto a empresa não procurar o Sindicato para reiterar o acordo já construído e descumprido pela Makita, intensificaremos as manifestações”, afirmou o diretor da Executiva do Sindicato responsável por São Bernardo, Moisés Selerges.

Na semana passada, a categoria se manifestou em frente ao Consulado-Geral do Japão, em São Paulo e o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, foi recebido pelo cônsul-geral do Japão em São Paulo, Kazuaki Obe, a quem pediu para interceder pelos trabalhadores demitidos.

O Sindicato também encaminhou à Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) denúncia formal contra a empresa japonesa. A Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT) também entrou em contato com dirigentes sindicais no Japão, na quinta-feira (1°) para exigir que a matriz entre em contato com a Makita no Brasil para que o acordo com os trabalhadores seja cumprido.

NA JUSTIÇA – O juiz da 2ª Vara do Trabalho de São Bernardo do Campo convocou uma reunião para quarta-feira (07), às 14h, entre o Sindicato e a direção da Makita para tentar uma conciliação.

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reunião foi marcada depois que o Sindicato ingressou com uma contestação ao interdito proibitório solicitado pela Makita contra o Sindicato, por conta do acampamento dos demitidos em frente à fábrica. No pedido de interdito, mais uma vez a diração da fábrica usa de má fé porque informa à Justiça apenas que a empresa faz uma reestruturação sem informar que fechou a fábrica e demitiu em massa. Em outra mentira, a Makita enviou carta aos demitidos nesta terça-feira (20) afirmando que houve arrombamento e invasão da fábrica, afirmação inverídica que será contestada judicialmente pelo Sindicato.

HISTÓRICO – Desde 2004, quando a Makita iniciou a construção de uma planta em Ponta Grossa, no Paraná, começaram os rumores de que a unidade de São Bernardo seria fechada. O Sindicato mantém conversas com a empresa desde aquela época e sempre foi informado pela direção da Makita que a fábrica não fecharia nem demitiria os funcionários da planta no ABC, que apenas estava expandindo seus negócios.

Após o fechamento inesperado e mobilização dos dispensados em São Bernardo, novamente o Sindicato procurou a empresa que, pressionada por protestos e até apelo do Poder Público local, concordou em firmar acordo que garantia ampliação de pacote de benefícios aos demitidos e solução para os casos de trabalhadores que não poderiam ter sido dispensados – período pré-aposentadoria, grávidas, portadores de doenças ocupacionais. A empresa mais uma vez descumpriu o acordo e os trabalhadores voltaram a protestar em frente à fábrica, onde permanecem acampados.

Da Redação