Kassab corta 20% da limpeza, empresas demitem 3 mil e garis entram em greve

Sindicato dos Trabalhadores de Empresas de Prestação de Serviços em Limpeza Pública de São Paulo denuncia que já foram demitidos 3.274 dos 8300 varredores de rua da capital

Os garis da capital paulista estão em greve desde as primeiras horas desta segunda-feira (21) contra a política de demissão em massa adota pelas cinco empresas contratadas pela Prefeitura para a varrição de ruas. As dispensas começaram no dia 12 de agosto, quando o prefeito Gilberto Kassab (Dem) anunciou o corte de 20% nos recursos destinados à limpeza pública.

“Já trabalhávamos no limite. Com a manutenção destes cortes, a Prefeitura compromete totalmente a varrição e a limpeza do entulho, justamente no momento da estação das chuvas, o que pode transformar a capital num caos”, alertou Moacyr Pereira, presidente do Siemaco (Sindicato dos Trabalhadores das Empresas de Limpeza Urbana).

Cobrando maior responsabilidade do poder público municipal e das empresas que adotaram a política do facão em larga escala, Moacyr Pereira lembra que, da parte dos trabalhadores, o movimento é ordeiro e pacífico, visando evitar um mal maior: “Estamos agindo de acordo com a lei de greve, já nosso trabalho é considerado serviço essencial. Por isso, apenas 20% da categoria está de braços cruzados”. Diante da imundície que se avizinha, com a proliferação de insetos e ratos, avalia o sindicalista, “a tendência é que as subprefeituras reduzam a demanda de serviço e priorizem áreas centrais e de maior movimento”.

Conforme o Siemaco, além de servir de alerta para os riscos da insensata decisão para a saúde pública dos paulistanos, a paralisação por tempo indeterminado visa rever as 568 demissões no setor ocorridas nos últimos dias, que se somam a 1.300 trabalhadores em aviso prévio e 500 em férias. Até o momento, alertou Moacyr, já ocorreram 3.274 demissões nas cinco empresas que prestam serviço de varrição na cidade – Unileste, Construfert Ambiental, Qualix Serviços Ambientais, Delta Construções e Paulitec Construções. Ligadas ao Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana (Selur), as empresas dão outros números, mas que não alteram a essência do problema: 2.680 demissões num quadro de 9.100 trabalhadores. Já o prefeito Kassab diz não saber se varredores de rua foram demitidos, mas que, se foram, “é problema das empresas”.

Alheio às montanhas de sujeira que começam a empestear bairros nobres como o Itaim Bibi, Jardim Paulista, Lapa, Perdizes, Vila Leopoldina e Morumbi – que perderam 450 dos mil garis que faziam a limpeza das ruas -, o prefeito continua dizendo que “não haverá danos”. “Apenas estamos otimizando os recursos e vamos ser muito rigorosos na fiscalização para preservar a qualidade”, declarou Kassab, sustentando a manutenção do corte de R$ 60 milhões dos R$ 300 milhões destinados ao setor.

Mesmo em meio às montanhas de entulho e lixo acumuladas, que cobrem e entopem os bueiros, impedindo a vazão das águas e multiplicando as áreas de alagamento, o “administrador” municipal insiste em se manter alheio aos fatos. Recentemente, o prefeito disse ter inclusive descoberto um jeito da limpeza não ser prejudicada com os seus cortes: basta os garis trabalharem mais. Em nota, a Secretaria Municipal de Serviços afirmou que “a Prefeitura vai solicitar às empresas e ao sindicato dos funcionários de limpeza urbana que seja feita uma distribuição equânime da redução de 20%, ou seja, em vez de diminuição do número de funcionários, deverá haver a diminuição de horas trabalhadas por equipe”.

Questionado se via com normalidade a diminuição do Orçamento para a limpeza pública, o prefeito disse que “a Secretaria de Cultura teve cortes expressivos, assim como a Secretaria de Esportes, a de Habitação, a Siurb (Secretaria de Infraestrutura Urbana), a das Subprefeituras”. Mas Kassab não apenas diminui, ele também aumenta: o salário dos secretários foi reajustado em módicos 300%, com os vencimentos passando de R$ 5,3 mil para R$ 21,5 mil. Os salários dos subprefeitos também ganharam uma forcinha extra, saltando de R$ 6,7 mil para R$ 18,5 mil, 160% de aumento. De quebra, Kassab elevou em 134% a verba para propaganda de seu desgoverno: R$ 45,1 milhões destinados à publicidade.

Da CUT