Campanha salarial: Vamos discutir salário, patrão!

Até agora não surgiu qualquer proposta patronal. Categoria faz assembleia para definir próximos passos da campanha na sexta-feira

Já faz mais de 30 dias que as pautas de reivindicações dos metalúrgicos para a campanha salarial foram entregues. A data base venceu na terça-feira. E os patrões continuam se recusando a falar do reajuste salarial.

“Eles imaginaram que a crise econômica deixaria a categoria paralisada, mas erraram”, analisou Moisés Selerges, coordenador de base São Bernardo, em assembléia realizada nesta quarta-feira (2), com os companheiros na Mercedes.

“Essa assembléia já é uma reação dos trabalhadores contra a postura intransigente dos setores patronais, que sequer aceitam iniciar os debates das cláusulas econômicas”, afirmou Moisés.

O secretário-geral da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT), Valter Sanches, comandou a segunda assembleia para os trabalhadores que chegavam à planta da Daimler às 7h30.

“A primeira coisa que a Anfavea falou na mesa, foi em dividir a mesa de negociação entre montadoras de carros de passeio e empresas de ônibus e caminhões, já que não pretendem dar o mesmo aumento para os dois setores. Evidendemente que negamos”, disse.

Sanches afirmou que os trabalhadores não aceitarão este tipo de provocação. “Campanha salarial é um momento que deve ser prioritário na agenda da categoria. Não só pela questão do reajuste, mas também pelas cláusulas sociais”.

O secretário-geral lembrou também da pauta que trata sobre o direito de formação sindical dos metalúrgicos. “Hoje, muitos trabalhadores e trabalhadoras não conhecem seus direitos na integralidade. E isso não pode ser falado em uma assembleia de 15 minutos. Por isso é importante que consigamos esse direito, já que em todos os países onde a empresa está instalada existe esse dia de afastamento para treinamento”, concluiu.

O coordenador da Regional Diadema, David Carvalho, que acompanha as negociações com os grupos 2 (máquinas e eletroeletrônicos) e 3 (autopeças, forjarias e parafusos), concorda. David diz que os trabalhadores não estão indiferentes à crise, mas exigem uma postura consequente das bancadas patronais na mesa de negociação. “Essa enrolação só aumenta a impaciência dos metalúrgicos”, destacou.

Equilíbrio

Para o secretário-geral do Sindicato, Wagner Santana, o Wagnão, que acompanha as negociações com as montadoras, a categoria sabe que a campanha deve encontrar um ponto de equilíbrio entre os setores afetados e os não afetados pela crise. Mas a indiferença dos patrões está provocando indignação nos locais de trabalho. “A uma altura dessas, já era para termos ao menos uma sinalização sobre os índices de reajuste”, lembrou Wagnão.

Rosi Machado, dirigente da Federação Estadual dos Metalúrgicos (FEM) da CUT e de nosso Sindicato, que acompanha as negociações com o grupo 8 (trefilação, laminação, refrigeração), enfatizou que a situação se repete no grupo que participa. “É onde as negociações estão mais atrasadas. Não há consenso sequer sobre a renovação das atuais clausulas sociais, imagine a respeito dos salários”, comparou Rosi.

A FEM-CUT voltou a se reunir nesta quarta com os grupos 3 e 8. E, mais uma vez, as negociações sobre salários não avançaram. “Os metalúrgicos precisam quebrar essa indiferença dos patrões. Caso contrário nem mesmo a reposição da inflação estará garantida”, alertou Wagnão.

Ele diz que se engana quem pensa que é automatica a reposição, pois há 10 anos o governo FHC proibiu o repasse automático da inflação a preços e salários. “Desde então, é a mobilização dos trabalhadores que, todos os anos, assegura a reposição e o aumento real”, afirma Wagnão.

Tudo isto reforça a responsabilidade de cada trabalhador e trabalhadora com a assembleia de sexta-feira. Participe! A partir da 18h, na Sede do Sindicato.

Da Redação