10º: Concut: Tendências destacam importância do protagonismo da classe trabalhadora para superação da crise

Manifestações unitárias das centrais e movimentos sociais, como a realizada em defesa de uma política de valorização do salário mínimo e pela redução da jornada de trabalho sem redução de salário, são um caminho a seguir

Na tarde desta quarta-feira (5) o 10º CONCUT foi enriquecido pelo debate entre as diferentes tendências que conformam a pluralidade da Central Única dos Trabalhadores. De forma fraterna, mas incisiva, demarcando campos e concepções, dirigentes da Articulação, Articulação de Esquerda (AE), CUT Socialista e Democrática (CSD), Esquerda Marxista, Tendência Marxista e O Trabalho fizeram uso da palavra. O ponto em comum foi precisamente a importância do protagonismo da classe trabalhadora no enfrentamento ao impacto da crise internacional sobre o País e, particularmente, sobre o emprego, o salário e dos direitos.

“Saídas negociadas para a crise não nos interessam. Precisamos investir cada vez mais nas mobilizações”, defendeu Sílvio Aragussuku, da Articulação de Esquerda, para quem é preciso apostar na capacidade de reação da população. Sílvio alertou para os riscos de que, com o recrudescimento da crise no coração do sistema financeiro, “o imperialismo arrume como saída a barbárie contra os povos”. Também da AE, Claudiomiro Ambrósio sublinhou a importância da “luta contra o monopólio dos veículos de comunicação, para que tenhamos uma mídia que informe e não deforme”. Claudiomiro foi muito aplaudido pelo plenário ao informar que o Ministério Público Federal decidiu pelo afastamento da governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius.

Em nome da Articulação Sindical, o secretário de Relações Internacionais da CUT, João Felício, destacou a identidade existente entre as várias tendências e o fortalecimento da unidade interna como elementos decisivos para o crescimento da Central no último período. Ele lembrou que a crise internacional não é apenas financeira, “é uma crise de modelo, de concepção do Estado, que aponta para a necessidade de regras de controle sobre o sistema financeiro e apontem para a superação do capitalismo”. “Os neoliberais e privatistas que queriam o esfacelamento do Estado, o Estado mínimo, agora estão tendo o troco ideológico”, acrescentou Felício, enfatizando a necessidade da unidade para impor uma nova derrota à direita em 2010.

Representando a CSD, a secretária nacional da Mulher Trabalhadora, Rosane Silva, fez um resgate histórico das lutas da Central e dos movimentos sociais brasileiros contra o neoliberalismo, assim como da acumulação de forças que redundou neste novo momento para os países e povos, particularmente da América Latina. “Temos hoje ao lado do Brasil, vários governos como o do Uruguai, Equador, Bolívia, Venezuela e Paraguai construindo alternativas da sociedade ao neoliberalismo. No nosso projeto o Estado está presente para produzir políticas públicas que regulem o trabalho e garantam justiça social. Agora, é preciso organizar a classe para fazer a disputa de projeto democrático e popular, que aponte para uma sociedade socialista”, enfatizou

O representante da Esquerda Marxista, Severino Nascimento (Faustão), lembrou que foram “jogados na fogueira da crise internacional centenas de bilhões de dólares”, que não serviram e não servirão para enfrentá-la, mas para agravá-la, já que mantém uma lógica excludente. O caminho, frisou, é outro, como demonstra a Venezuela: criar mecanismos de participação social para enfrentar a opressão do sistema capitalista. Neste sentido, defendeu Nascimento, é preciso ampliar a mobilização social em defesa da reestatização das empresas estratégicas privatizadas por FHC como a Embraer e a Vale do Rio Doce.

Dirigente de O Trabalho, Júlio Turra, da Executiva Nacional da CUT frisou que “esta é uma crise brutal, que afeta o coração do sistema”, e que, portanto, “não cabem pactos sociais, que já se revelaram ser um pacto da corda com o pescoço”. Turra denunciou que a instalação de sete bases dos EUA na Colômbia, “depois que eles foram expulsos da Base de Manta, no Equador”, representa uma ameaça real para os países da região, que precisa ser amplamente rechaçada. Também representando O Trabalho, João Batista Gomes, que esteve recentemente em missão de solidariedade a Honduras, denunciou o clima de repressão, tortura e morte imposto pelos golpistas e defendeu a realização de uma Jornada em apoio ao retorno de Manuel Zelaya à Presidência e o respeito ao jogo democrático.

Em nome da Tendência Marxista, o dirigente executivo da CUT, Shakespeare Martins de Jesus, ressaltou que manifestações unitárias das centrais e movimentos sociais como a realizada em defesa de uma política de valorização do salário mínimo e pela redução da jornada de trabalho sem redução de salário, afirmam um caminho a seguir.

Da CUT