Fernando Lopes é eleito secretário-geral adjunto da FITIM

Metalúrgicos de mais de 100 países elegem novas lideranças mundiais da categoria para o período 2009-2013. Ex-dirigente da CNM/CUT foi escolhido por representantes de mais de 25 milhões de trabalhadores de todo o mundo

CNM/ CUT

Fernando Lopes acena aos companheiros logo após ser eleito secretário-geral adjunto da FITIM

Durante o 32º Congresso Mundial da FITIM, iniciado no domingo (24), em Gotemburgo (Suécia), os delegados elegeram os novos membros da direção da Federação Internacional dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas (FITIM), para o mandato 2009-2013. Após os delegados aprovarem alterações no estatuto da FITIM, o Congresso realizou a eleição para cinco posições de liderança, assegurando assim uma maior representação de todos os continentes que participam da Federação.

O brasileiro Fernando Lopes concorreria primeiramente ao cargo de secretário-geral, assim como o finlandês Jyrki Raina. Na disputa, o ex-secretário-geral da Confederação Nacional dos Metalúrgicos, tinha o apoio dos sindicatos do Brasil, Nova Zelândia, Austrália, Coreia do Sul, Tailândia, Índia, Itália, duas entidades da Espanha, duas da França, uma da Bélgica, uma da Rússia, todo o continente africano e toda a América Latina.

Do outro lado, o concorrente tinha o apoio dos sindicatos nórdicos, alemães e japoneses, além de sindicatos da Europa e Rússia. Mas na eleição, essas entidades representariam cerca de 60% dos votos.

Emendas – Para que mais uma vez, os cargos mais importantes da entidade mundial não ficassem restritos apenas aos dirigentes europeus, a base de apoio do brasileiro conquistou uma mudança estatutária que garantiu a eleição de Fernando Lopes e do japonês Hiroshi Kamada, como secretários-gerais adjuntos em Congresso. Na prática, os dois deixaram de ocupar apenas um cargo indicativo, para serem eleitos e passarem a ter um mandato na entidade.

A base também conseguiu aprovar como prioridades da FITIM, a construção sindical, que são ações de apoio para a organização de sindicatos no 3º mundo, assim como as campanhas “reais” de solidariedade, que foi uma proposta da CNM/CUT (leia aqui) e o fortalecimento do trabalho nas regiões da Ásia, África, e América Latina.

Segundo o secretário-geral da CNM/CUT, Valter Sanches, os sindicatos que apoiavam Fernando Lopes “ficaram satisfeitos com o acordo.”

Os eleitos
O presidente do sindicato metalúrgico alemão IG Metall, Berthold Huber, foi eleito presidente da FITIM. Huber é membro do IG Metall desde 1971, ocupou a vice-presidência do sindicato em 2003 e a presidência em 2007.

Thomas R. Buffenbarger, presidente internacional da Associação Internacional dos Maquinistas e Trabalhadores do Setor Aeroespacial, foi eleito pelos delegados como vice-presidente da Federação. Buffenbarger lidera mais de 700 mil membros ativos e aposentados da Associação no Canadá e nos Estados Unidos.

Jyrki Raina, secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Nórdicas, foi eleito secretário-geral da FITIM. “Nossa unidade é a base da nossa força. É com orgulho e com grande senso de humildade que eu aceito o resultado desta eleição”, afirmou. Raina começou sua militância na Finlândia e nos últimos seis anos, tem coordenado as atividades dos sindicatos nórdicos em atividades por todo o mundo.

Além de Fernando Lopes e Hiroshi Kamada na secretaria-geral adjunta, o Congresso também elegeu os membros do Comitê Executivo e da Comissão de Finanças, que terá Valter Sanches ocupando uma das quatro vagas. Antes, havia só duas cadeiras para esta Comissão.

Em entrevista por e-mail ao Portal Federação Estadual dos Metalúrgicos de São Paulo, o atual Secretário Geral Adjunto da FITIM, Fernando Lopes, traça um balanço das ações nos últimos anos e destaca os principais desafios da entidade.

Quantos delegados e delegadas estão participando do 32º Congresso Mundial da FITIM? 
Fernando Lopes: São 845 delegados dos quais 20% são mulheres.

Qual é o balanço das ações e atividades desenvolvidas pela organização no último período?
Fernando: Bem temos um balanço positivo das ações desenvolvidas nos últimos anos. As atividades foram concentradas em campanhas de solidariedade aos sindicatos de trabalhadores que sofreram ataques aos direitos, sejam de governos ou empresas. Realizamos várias atividades no sentido de construir redes sindicais com empresas multinacionais e, além disso, fizemos várias atividades visando fortalecer os sindicatos nos países do terceiro mundo. 

Na sua opinião,  quem são os verdadeiros responsáveis por esta crise financeira mundial?
Fernando: Os responsáveis são os governos por conta de suas políticas neoliberais que não foram capazes de criar um sistema de controle e monitoramento das transações financeiras.O certo é que se trata de uma crise do sistema capitalista e que é uma crise cíclica, ou seja, vamos sair da crise mas se não mudarmos o sistema ela voltará dentro de um certo tempo.

Qual é a sua opinião sobre as medidas adotadas pelo governo Lula para combater a crise no Brasil?
Fernando: Avalio de forma positiva, mas creio que os sindicatos devem cobrar mais contrapartidas sociais.

Quais serão os principais desafios da FITIM para o próximo período?
Fernando: Potencializar campanhas de sindicalização é uma ação importante, bem como construir fortes sindicatos nacionais e continuar fomentando campanhas de solidariedade mais efetivas.

Da Redação, com informações da CNM e da FEM