Os metalúrgicos são “o cara”

Quando o presidente americano Barack Obama falou que eu era o cara, eu tive vontade de corrigi-lo, dizendo: não, eu não sou o cara. Os metalúrgicos do ABC é que são o cara. Parabéns para todos”.
Com essas palavras, o presidente Lula encerrou sua participação no ato de ontem, na Sede, que comemorou os 50 anos de fundação do Sindicato.
Em um discurso emocionado em que lembrou de pessoas e momentos dos seus 41 anos de vida sindical, o presidente homenageou inúmeros companheiros, principalmente Afonso Monteiro da Cruz, que presidiu o Sindicato em duas oportunidades e, em uma terceira, foi interventor a pedido da diretoria cassada.

Salto de qualidade
“Na década de 70, durante uma assembleia, Afonso pediu um minuto de silêncio para os presos políticos. E, naquela época, quem estava presa e sendo torturada era a ministra Dilma Roussef, que só tinha 20 anos”, disse.
Para ele, poucos sindicatos deram um salto de qualidade comparável aos metalúrgicos do ABC. “Existem muitos sindicatos em que os diretores são os mesmos desde o tempo em que eu era dirigente aqui”, criticou.

Sempre presente
Lula revelou que, de alguma forma, nunca se desligou do Sindicato e que mesmo atualmente, em algumas noites em que está dormindo no Palácio do Alvorada, em Brasília, pensa que precisa levantar cedo no dia seguinte para participar de uma assembleia.
O presidente da República também fez questão de homenagear aqueles a quem chamou de anônimos trabalhadores que lutaram para fazer esse Sindicato se transformar no que é.
“Nenhum outro adotou a prática democrática deste aqui, que já nasceu forte”, destacou. “Aqui só não avançaria se os dirigentes
fossem muito pelegos”, provocou.

Peão politizado
Observando a história do Sindicato, Lula deu um conselho à juventude trabalhadora: “É próprio da classe trabalhadora, é próprio da luta de classes querer mais, mas é importante não esquecer o que se conquistou, se não essas conquistas são perdidas”.
Apesar de todas as qualidades que vê no Sindicato, Lula entende que a organização no local de trabalho dos metalúrgicos do ABC ainda precisa avançar bastante.
“Nem todos os dirigentes querem se organizar porque peão organizado é peão politizado e, aí, ele pode querer o cargo do dirigente”, cutucou. E aproveitoupara lembrar: “Organização é uma coisa que se conquista, se depender dos patrões, jamais”. finalizou.