Dez mil trabalhadores tomam a Paulista em protesto contra demissões e crise global

O ato, que faz parte de uma mobilização nacional, reivindica redução dos juros, defesa dos direitos trabalhistas, investimento em políticas sociais e redução da jornada de trabalho sem redução de salários

Cerca de dez mil trabalhadores realizam manifestação nesta segunda-feira (30), na avenida Paulista, em São Paulo, contra demissões e a crise global. Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), o protesto, que é organizado pela CUT e demais centrais sindicais, ocupa três das quatro faixas da pista sentido Consolação –da alameda Ministro Rocha Azevedo até a rua Pamplona.

Além de protestar contra a crise, o ato, que faz parte de uma mobilização nacional, reivindica redução dos juros, defesa dos direitos trabalhistas, investimento em políticas sociais e redução da jornada de trabalho sem redução de salários. “Está claro que o modelo de Estado mínimo, de privatização e desregulação de mercados ditado pela globalização neoliberal faliu. Agora, os responsáveis pela crise, os que lucraram com a especulação, querem que o Estado os socorra, buscam dinheiro público para seus bancos e empresas.  Nossa manifestação unitária aponta para alternativas a essa lógica excludente.  Temos uma pauta imensa contra a crise, mas que se resume na palavra de ordem: defesa do emprego e redução dos juros”, sintetizou Antonio Carlos Spis, membro da executiva nacional da CUT e da Coordenação dos Movimentos Sociais.

A passeata deve seguir pela avenida Paulista até a rua Bela Cintra e, de lá, para as ruas Antonio Carlos, Maria Paula, viaduto Dona Paulina, praça João Mendes, praça da Sé, rua Boa Vista, rua 3 de dezembro e rua 15 de novembro. Durante o percurso, os manifestantes entregam uma carta aberta à população para explicar os motivos do ato.

De acordo com o secretário geral da CUT-SP, Adi dos Santos Lima, “o retrato do tamanho da crise pode ser visto pela amplitude de movimentos que convocam o dia 30, com um compromisso comum com a realização de uma grande mobilização pelo desenvolvimento”. No caso de São Paulo, sublinhou Adi, “além de irmos à frente do Banco Central protestar contra os juros altos, vamos chamara a atenção do governo do Estado, que pouco tem feito contra a crise, enquanto o consumo se reduz, diminuindo o emprego e aumentando a violência. Esse ciclo vicioso precisa ser interrompido e, para isso, é preciso debater o modelo que queremos para o Estado”.

Leia abaixo o texto do panfleto distribuído à população:

Trabalhadores e trabalhadoras não pagarão pela crise

O Brasil vai às ruas na próxima segunda-feira, 30 de março. Os trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade estarão unidos contra a crise e as demissões, por emprego e salário, pela manutenção e ampliação de direitos, pela redução dos juros e da jornada de trabalho sem redução de salários, pela reforma agrária e em defesa dos investimentos em políticas sociais.

A crise da especulação e dos monopólios estourou no centro do sistema capitalista, os Estados Unidos, e atinge as economias menos desenvolvidas. Lá fora – e também no Brasil -, estão sendo torrados trilhões de dólares para cobrir o rombo das multinacionais, em um poço sem fim, mas o desemprego continua se alastrando, podendo atingir mais 50 milhões de pessoas.

No Brasil, a ação nefasta e oportunista das multinacionais do setor automotivo e de empresas como a Vale do Rio Doce, CSN e Embraer, levaram à demissão de mais de 800 mil trabalhadores nos últimos cinco meses.

O povo não é o culpado pela crise. Ela é resultante de um sistema que entra em crise periodicamente e transformou o planeta em um imenso cassino financeiro, com regras ditadas pelo “deus mercado”. Diante do fracasso desta lógica excludente, querem que a classe trabalhadora pague a fatura em forma de demissões, redução de salários e de direitos, injeção de recursos do BNDES nas empresas que estão demitindo e criminalização dos movimentos sociais. Basta!

A precarização, o arrocho salarial e o desemprego enfraquecem o mercado interno, deixando o país vulnerável e à mercê da crise, prejudicando fundamentalmente os mais pobres, nas favelas e periferias. É preciso cortar drasticamente os juros, reduzir a jornada sem reduzir os salários, acelerar a reforma agrária, ampliar as políticas públicas em habitação, saneamento, educação e saúde, e medidas concretas dos governos para impedir as demissões, garantir o emprego e a renda dos trabalhadores.

Manifestamos nosso apoio a todos os que sofreram demissões, em particular aos 4.270 funcionários da Embraer, ressaltando que estamos na luta pela readmissão.

O dia 30 também é simbólico, pois nesta data se lembra a defesa da terra Palestina, a solidariedade contra a política imperialista do Estado de Israel, pela soberania e  auto-determinação dos povos.  

Com este espírito de unidade e luta, vamos construir em todo o país grandes mobilizações. O dia 30 de março será o primeiro passo da jornada. Some-se conosco, participe!

NÃO ÀS DEMISSÕES!

REDUÇÃO DOS JUROS!

REDUÇÃO DA JORNADA SEM REDUÇÃO DE SALÁRIOS E DIREITOS!
REFORMA AGRÁRIA, JÁ!

POR SAÚDE, EDUCAÇÃO E MORADIA!

EM DEFESA DOS SERVIÇOS E SERVIDORES PÚBLICOS!

SOLIDARIEDADE AO POVO PALESTINO!

Ato Internacional Unificado Contra a Crise

Organizadores:
ASSEMBLÉIA POPULAR, CEBRAPAZ, CGTB, CMB-FDIM, CMS, CONAM, CONLUTAS, CONLUTE, CTB, CUT, FORÇA SINDICAL, INTERSINDICAL, MARCHA MUNDIAL DE MULHERES, MST, MTL, MTST, NCST, OCLAE, UBES, UBM, UGT, UNE, UNEGRO/COMEN, VIA CAMPESINA

Da Redação