Krause, de Santo André, fecha as portas e trabalhadores fazem plantão na fábrica

O fechamento não foi comunicado oficialmente para os órgãos competentes e nenhum trabalhador recebeu a carta de demissão

Os 84 funcionários da empresa Krause, de Santo André, tiveram uma grande surpresa ao retornar ao trabalho nesta quinta-feira, após o feriado prolongado de Carnaval: os portões da metalúrgica estavam fechados. O único aviso foi do porteiro, que informou que a empresa havia encerrado as atividades.

“Os trabalhadores folgaram no Carnaval e hoje encontraram a fábrica fechada. Foi constatado que no sábado e no domingo saíram alguns caminhões de lá com equipamentos e máquinas. Inclusive o próprio patrão ajudou a retirar os equipamentos, já que ele sabe dirigir empilhadeira”, conta o segundo-secretário do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, Daniel Gonçalves.

O diretor administrativo da entidade, Adilson Torres, o Sapão, diz que o fechamento da fábrica (formada por três empresas familiares: WK, Krause e Helena Krause) não foi comunicado oficialmente para os órgãos competentes e nenhum trabalhador recebeu a carta de demissão.

“Um dos donos da empresa apenas informou, verbalmente, que as atividades foram encerradas. Porém, os trabalhadores ainda não foram demitidos, pois não receberam nenhum comunicado formal. Por isso, decidimos ficar 24 horas em frente à empresa, em esquema de plantão, até que ela emita uma carta de demissão e explique como irá pagar as verbas rescisórias. Além disso, ficaremos aqui para impedir que eles retirem mais patrimônios”, afirma.

De acordo com Sapão, a atitude da Krause causou estranheza porque, embora com dificuldades no capital de giro, ela não havia sinalizado maiores problemas e nem havia sugerido a possibilidade de demissões.

“Os donos da empresa alegam que não têm condições financeiras de mantê-la, mas, em nenhum momento, eles deram uma posição disso para o sindicato. Eles atrasavam os salários, mas sempre acabavam pagando os funcionários”, comenta. De acordo com o sindicato, no momento estão atrasados os salários deste mês e também o pagamento de cestas básicas de janeiro e de fevereiro.

O sindicato informou que já registrou um boletim de ocorrência no 4º DP (Distrito Policial) e também já fez denúncia ao DRT (Delegacia Regional do Trabalho) e ao Ministério Público do Trabalho. “Por enquanto, até a questão ser apurada, nosso pessoal está prestando assistência jurídica aos trabalhadores”, garante o segundo-secretário do sindicato.

Do Diário OnLine