Pressão da classe trabalhadora põe Serra para trabalhar

Uma semana depois de dia de luta, o governador apresentou novos pisos salariais regionais e um pacote com muitas das medidas exigidas pelos trabalhadores

Pouco menos de uma semana após a Central Única dos Trabalhadores de São Paulo (CUT-SP) ocupar o centro da capital paulista para no Dia Nacional de Luta pela Manutenção dos Empregos e Direitos, o governador José Serra apresentou novos pisos salariais regionais e um pacote com muitas das medidas exigidas pelos trabalhadores.

Nesta segunda (16), em evento no Palácio dos Bandeirantes, Serra anunciou a elevação dos valores das três faixas salariais (1.ª faixa vai para 505, 2.ª faixa para R$ 530 e a 3.ª para R$ 545) do Estado e medidas como a suspensão do ICMS na compra de equipamentos e matéria-prima utilizados para fabricação de bens para exportação, antecipou investimentos e anunciou a elevação da oferta de crédito por meio da Nossa Caixa Desenvolvimento.

Em janeiro, a CUT costurou dois acordos: um com a Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT) e com a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ) para a manutenção da renda e emprego de mais de 243 mil trabalhadores no setor e outro com a Associação Nacional dos Sindicatos da Micro e Pequena Indústria (Assimp) e com o Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo (Simpi) para manter aproximadamente 3 milhões de trabalhadores. Ambos, porém, dependem da adesão do governo do Estado e do governo federal para redução da carga tributária e para negociação das dívidas junto ao sistema financeiro.

“Finalmente vemos alguma ação do governador Serra. Lamentamos que ela tenha demorado seis meses para entender a importância da atuação do Estado como propulsor do desenvolvimento nesse momento difícil, talvez porque ainda acredite na privatização, no arrocho dos servidores públicos. Porém, defendemos esse caminho: o corte de impostos, o investimento na infra-estrutura e a oferta de crédito para pessoas físicas e jurídicas”, comentou Sebastião Cardozo, presidente da CUT-SP.

Para Adi Lima, secretário geral da CUT-SP, somente o chamado PAC paulista (que ganhou esse nome graças às medidas adotadas pelo governo federal no Programa de Aceleração do Crescimento) não é o suficiente. “Essa é a hora do diálogo. Queremos criar uma mesa de negociações inclusive para mudar a política de arrocho salarial do funcionalismo público. O Estado que responde por 44% de desemprego no país não pode congelar o salário dos servidores com a desculpa de cortar custos e aumentar em 43,7% o investimento em publicidade. Apesar do pacote ser positivo, ainda não ataca a precarização das condições de trabalho dos servidores”, criticou.

Daniel Reis, secretário de comunicação da CUT-SP, também lembrou a proposta do secretário estadual do Emprego e Relações do Trabalho, Guilherme Afif, que sugeriu a suspensão do contrato de trabalho sem custos para a empresa. “A saída para a crise é colocar dinheiro no bolso do trabalhar para que ele possa comprar a manter a economia aquecida. Não podemos aceitar propostas de flexibilização dos direitos e a volta da agenda negativa”, disse.

Da CUT SP