Trabalhadores em autopeça de Sorocaba param 2h30 para protestar contra demissões

O Grupo Schaeffler rompeu o processo de negociação que mantinha com o Sindicato e dispenou 150 companheiros

Foguinho/Grupo Imagem

No final do protesto durante assembléia, os trabalhadores decidiram dar um dia de prazo para que a empresa retome as negociações com o Sindicato

Aproximadamente 1.800 trabalhadores do primeiro turno no Grupo Schaeffler (Ina e Luk), fabricante de autopeças localizada na zona industrial de Sorocaba, cruzaram os braços por 2h30 na manhã desta quinta-feira (12) em protesto contra as 150 demissões realizadas pela empresa nos últimos dias.

O Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região  alega “deslealdade e precipitação” por parte da empresa, que não esperou o término das negociações com a entidade antes de optar pelas demissões.

“Na semana passada, estávamos negociando com o Grupo Schaeffler mecanismos para evitar dispensas de trabalhadores. No entanto, na sexta, ela dispensou 87 funcionários. Mesmo assim, continuamos negociando até no final de semana, incluindo benefícios para os demitidos. No final da tarde da última segunda-feira, ela demitiu mais 65 trabalhadores aproximadamente”, afirma Ademilson Terto da Silva, presidente do Sindicato.

A manifestação incluiu dezenas de cruzes fincadas no gramado em frente à empresa, representando o luto pelas demissões. As cruzes continham inscrições como “Mau patrão enterra a economia” e “Ganância do patrão é fatal para o Brasil”.

Discussões com a PM
O protesto começou pouco antes das 6h da manhã e correu sem incidentes até por volta das 7h30, quando um forte contingente policial, incluindo componentes da tropa de choque, chegou ao local e houve discussões entre PMs e sindicalistas.

A dirigente sindical Denise Giziane Marcondes, funcionária do grupo Schaeffler, foi empurrada por um policial. Ela afirma que vai procurar uma delegacia e registrar boletim de ocorrência de agressão.

O Sindicato afirma que havia pelo menos 20 viaturas policiais e 10 motos da PM nos três portões da empresa.

Prazo para negociação
No final do protesto durante assembléia, os trabalhadores decidiram dar um dia de prazo para que a empresa retome as negociações com o Sindicato. “Caso as negociações não avancem, há possibilidade de novo protesto ou de paralisação nos próximos dias”, afirma Terto.

Participação nos Resultados
Outra denúncia feita pelo sindicato durante o protesto é que o Grupo Schaeffler estaria usando o Programa de Participação nos Resultados (PPR) dos próprios trabalhadores para financiar as demissões.

Recentemente, a empresa depositou R$ 450 a menos na segunda parcela do PPR 2008 para os 3.500 funcionários, o que teria resultado numa economia de R$ 1,5 milhão para o Grupo Schaeffler. De acordo com o Sindicato, a cada rescisão dos 150 trabalhadores a empresa deverá pagar, em média, R$ 10 mil por funcionário dispensado; o que também resulta em cerca de R$ 1,5 milhão.

O Grupo Schaeffler alega que a redução da segunda parcela do PPR (de R$ 1.500 para R$ 1.050) foi devido a metas de refugo não atingidas no mês de dezembro, mas o sindicato afirma que todas as metas foram atingidas.

Dos Metalúrgicos de Sorocaba