Crise afeta a categoria de maneiras diferentes

"Por isso, precisamos analisar caso a caso. É necessário construir alternativas conforme a situação de cada fábrica e setor", avalia Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC


Sérgio Nobre afirmou que manifestação do dia 20 serviu para dizer que categoria não aceita acordo geral

A proposta definida entre a CUT e o setor de máquinas demonstra que é possível encontrar saídas negociadas que apontem para a manutenção do crescimento e do emprego.

A proposta para o setor deixa claro que os trabalhadores vivem o atual período de turbulência de forma diferente por setor e por empresa.

O emprego industrial, por exemplo, foi o mais afetado do final do ano para cá, especialmente no Estado de São Paulo, em relação a outros ramos de atividade. As demissões na indústria foram maiores se comparadas com as ocorridas na construção civil, comércio, bancos e petróleo.
As diferentes reações à crise na categoria são visíveis no levantamento feito pela Subseção Dieese do Sindicato com base nos dados das próprias empresas.

O estudo mostra que o setor de autopeças foi o que mais demitiu no ABC entre outubro e dezembro do ano passado.

Mostra, ainda, que a quantidade de demissões difere de um tipo de empresa para outro, pois o corte nas fábricas consideradas pequenas é menor se comparado com as médias empresas.

Segundo Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, esse retrato sobre o emprego dos metalúrgicos pode ser lido de formas diferentes.

Pequenas empresas têm mais dificuldade de crédito e de girar o dinheiro. Muitas vezes não demitem, porém deixam de recolher encargos e atrasam salários.

Já nas fábricas médias e grandes, há um contingente de trabalhadores com um ano ou menos de casa em razão da alta rotatividade historicamente praticada pelo segmento. Para estas, a demissão tem um custo muito baixo. Outras fábricas, ainda, são mais afetadas pela crise porque têm grande parcela da produção voltada para as exportações, principalmente para os mercados dos países desenvolvidos, hoje já em recessão.

“Por isso, precisamos analisar caso a caso. É necessário construir alternativas conforme a situação de cada fábrica e setor. Propostas que atacam os direitos dos trabalhadores de forma generalizada, como a da Fiesp, não resolvem a crise, pois são perversas, ineficazes e recessivas”, concluiu Sérgio Nobre.