Serra tenta manobra e leva chumbo

Ao entregar a Geraldo Alckmin uma boquinha no governo de São Paulo, Serra deu, na semana passada, o primeiro passo na tentativa de construir uma nova imagem para disputar as eleições presidenciais de 2010.
Com a posse de um adversário em uma Secretaria inútil e obscura, ele procurou apagar a imagem de desagregador e de quem acha que o mundo gira ao seu redor, para vender a lorota de que o PSDB paulista está unido contra Aécio Neves.
O passo seguinte foi convocar os jornalistas que controla, mandando que escrevessem que não existe mais o Serra trator, que passa em cima de quem está a sua frente. Agora seria a vez do Serrinha Paz e Amor.
A ordem foi obedecida. No dia seguinte, a bobagem foi publicada, em termos idênticos, por Eliane Cantanhêde na Folha de S. Paulo; Carlos Marchi no Estadão; Carlos Brickmann no Diário do Grande ABC; no Valor Econômico; em o Globo; na Gazeta Mercantil e em vários outros jornais do Brasil.
Também ganhou destaque a declaração de FHC, articulador da candidatura Serra, que considerou a decisão de Serra nada menos que magnânima e madura.

Tiroteio
Assim, de uma hora para a outra, os jornais transformaram o trator em um gênio político que enterrara as pretensões de Aécio Neves de disputar a Presidência.
O próprio Serra acreditou na estória que inventou e, confiante, mandou outro pau mandato, o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, avisar Aécio que não seriam necessárias prévias para escolher o candidato do PSDB em 2010.
O governador de Minas não gostou e respondeu atirando.
Ressuscitou o trator ao afirmar, de forma categórica, que não aceitaria ser atropelado por Serra.
Exigiu prévias e anunciou que coloca sua campanha na rua nos próximos dias.
O mal-estar foi tamanho que Serra telefonou para Aécio naquela noite para justificar o convite a Alckmin.