Horas antes da reunião do Copom, milhares de trabalhadores protestam em frente ao BC na Paulista

Manifestantes exigiam redução mínima de dois pontos percentuais na taxa básica de juros, Selic

Nesta quarta-feira (21), nas horas que antecedem a decisão do Conselho de Política Monetária do Banco Central, milhares de trabalhadores tomaram a frente da instituição, na avenida Paulista, para exigir a redução mínima de dois pontos percentuais na taxa básica de juros, a Selic.

“As centrais sindicais estão mais uma vez unidas para exigir a imediata redução dos juros e do spread bancário (lucro que o banco obtém por tomar dinheiro a um custo menor do que cobra quando empresta) a fim de que se possa ampliar os investimentos e fazer a roda da economia girar pra frente, fortalecendo a produção, gerando emprego e redistribuindo renda”, afirmou Vagner Freitas, secretário de Políticas Sindicais da CUT Nacional e presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT).

Vagner sublinhou que “é inaceitável o oportunismo da Fiesp e de banqueiros que apostam nas demissões e no assalto aos direitos dos trabalhadores para ampliar seus lucros” e alertou que “se tiver demissão, tem greve!”. A respeito da fixação do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, em alegar que são necessários juros altos para segurar a inflação, Vagner lembrou que todas as projeções apontam para uma diminuição do índice inflacionário, “e que é preciso mudar o remédio se a doença mudou.”

“O que o Brasil precisa agora é de investimento, aumento do salário mínimo, de mais crédito para a agricultura e a exportação, de um sistema financeiro que atue em favor da nação”, acrescentou o representante cutista, lembrando que o próprio presidente Lula tem declarado que é preciso enfrentar o desalento provocado pela crise que emana dos países capitalistas centrais “com otimismo e investimento na nossa própria capacidade, apostando no fortalecimento do mercado interno, no aumento do consumo.”

“Os trabalhadores não podem pagar por uma crise que é do modelo neoliberal, da cartilha ditada pelo Banco Mundial e pelo FMI de desregulamentação financeira, de privatização do Estado e precarização de direitos. Nós precisamos de uma agenda propositiva. Por isso a CUT é irredutível: queremos um sistema financeiro que propicie a expansão da economia, o desenvolvimento. Por isso não aceitamos redução de salário nem de direitos e exigimos que qualquer recurso aplicado para socorrer empresas que estejam realmente em dificuldades sejam acompanhados por contrapartidas sociais”, enfatizou Vagner.

BANCÁRIOS
Antecipando a manifestação conjunta convocada pela CUT, CGTB, CTB, Força, NCST e UGT, o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região montou uma tenda em frente ao BC e fez um ato dando visibilidade às demissões na categoria. “Estamos nas ruas defendendo a redução dos juros e dos empregos”, declarou Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato, alertando que na última semana ocorreram 400 demissões no banco Santander e outra centena no HSBC.

“Os banqueiros estão se aproveitando da crise para reduzir a categoria. Também se aproveitam da crise e a agravam quando não concedem empréstimo para as empresas, para os brasileiros”, disse Marcolino, ressaltando que a queda da Selic pode reduzir a dívida pública para ter mais recursos para a geração de empregos. Conforme o Diesse, cada ponto percentual de redução na Selic representa uma economia de R$ 15 bilhões para o país. Marcolino lembrou ainda que “o Copom tem de baixar os juros hoje e indicar tendência de queda para os próximos meses, pois no mundo inteiro as taxas estão caindo e no Brasil não pode ser diferente. Isso é importante para que possamos retomar o crescimento”.

Da CUT