Sindicatos do G20 apresentam plano de recuperação e reforma da economia internacional

Categorias de todo o mundo pedem ações urgentes para evitar a perspectiva de uma profunda recessão global de longa duração, somadas a mudanças importantes na gestão da economia global, com objetivo de superar décadas de políticas de desregulamentação que ocasionaram a atual crise

Dirigentes sindicais dos países do G20 apresentarão um plano completo para mudar a economia internacional, em reuniões com os líderes mundiais que terão lugar em Washington DC às vésperas da cúpula sobre a crise financeira que sediará o governo estadunidense em 15 de novembro.

A delegação sindical de alto nível discutirá o plano com o diretor gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, e chefes de governo dos países do G20.

Os Sindicatos de todo o mundo pedem uma série de ações urgentes para evitar a perspectiva de uma profunda recessão global de longa duração, somadas a mudanças importantes na gestão da economia global a fim de superar décadas de políticas de desregulamentação que ocasionaram a atual crise. Se requer um novo estímulo ao desenvolvimento e ao trabalho decente, assim como um “Novo tratado verde” para abordar de maneira efetiva as mudanças climáticas. As propostas sindicais foram sintetizadas em um programa de recuperação e reforma intitulado “Declaração de Washington”.

“O momento requer uma ação imediata para impulsionar a economia mundial e a geração de emprego. Os governos devem estar preparados para realizar, de maneira coordenada, maiores reduções nas taxas de juros para estimular os investimentos em infra-estrutura, educação e saúde, a fim de promover o crescimento do consumo e reforçar os serviços públicos. Isto deve ir acompanhado de medidas fiscais e de gastos para apoiar o crescimento do poder aquisitivo dos grupos com baixa e média remuneração, e de medidas concretas para estimular a inversão em bens e serviços verdes, com o objetivo de enfrentar as mudanças climáticas”, declarou John Evans, secretário geral da TUAC-OCDE.

A CSI e a TUAC organizam conjuntamente a cúpula sindical que será acolhida pela central sindical estadunidense AFL-CIO em sua sede de Washington DC. O resultado das eleições nos EUA é o reflexo fiel de um rechaço à escala mundial da ideologia fundamentalista de direita.

“O resultado das eleições nos EUA é o fiel reflexo de um rechaço à escala mundial da ideologia fundamentalista de direita que fez com que um punhado de pessoas sejam incrivelmente rica, enquanto crescem as desigualdades e a insegurança econômica, se paralisa o desenvolvimento e o mundo se situa a bordo de uma calamidade econômica. Dezenas de milhões de trabalhadores e trabalhadoras poderão perder seus empregos e cada vez mais pessoas se encontram submergidas na pobreza, sendo as mulheres muitas vezes as mais afetadas”, declarou o secretário geral da CSI, Guy Ryder. “Chegou o momento de fazer uma mudança radical de direção, e apresentaremos esta proposta de transformação aos governos, incluindo a futura Administração Obama, nos EUA”, acrescentou.

Além das disposições imediatas para estimular a economia mundial, os sindicatos apresentam um pacote completo de medidas reguladoras encaminhadas a garantir a governança global da economia mundial, que designem um papel destacado à OIT, identificada com a nova Declaração sobre a Justiça Social da OIT. Entre os elementos chaves do pacote de medidas encontram-se: Melhor prestação de contas por parte dos bancos centrais, Regulamentação dos fundos especulativos e do capital de risco, Adequada supervisão de bancos e conglomerados mundiais; Reforma e controle dos salários de executivos e distribuição de benefícios; Imposto às transações financeiras internacionais; Reforma das agências de qualificação creditícia; Terminar com os paraísos fiscais; Proteção frente aos empréstimos abusivos; Políticas ativas de moradia e serviços financeiros baseados na comunidade.

A Declaração de Washington chama igualmente a atenção sobre a sorte dos países mais pobres do mundo, onde o impacto da crise global se sentirá ainda mais. Pede aos países mais ricos que se assegurem de que sejam cumpridas as metas internacionais sobre ajuda ao desenvolvimento e os Objetivos do Desenvolvimento do Milênio, e insta a atuar para garantir que os artigos de primeira necessidade, especialmente os alimentos, cheguem aos mais pobres.

A Declaração estabelece uma plataforma do movimento sindical internacional para uma nova estrutura de governança da economia mundial, que não deve limitar-se aos mercados financeiros e aos fluxos de capitais. A nova estrutura deverá superar os importantes defeitos de que adoece o sistema atual, e garantir que as economias emergentes e os países em desenvolvimento ocupem o lugar que lhes corresponde e se imponham na hora de tomar as decisões políticas. O trabalho decente precisa ocupar lugar prioritário no novo enfoque, com a criação de emprego, tendo os direitos fundamentais dos trabalhadores, a proteção social e o diálogo social como elementos centrais para reverter as enormes desigualdades que originaram a presente crise. Os sindicatos têm uma contribuição importante que realizar na elaboração da reforma internacional necessária, e a declaração pede aos governos que os envolvam plenamente em dito processe.

“Nas últimas três décadas ficou muito fácil para os governos desvencilhar-se de seu próprio papel na regulamentação dos mercados e para assegurar-se de que as companhias multinacionais cumpram as normas internacionais de respeito aos direitos dos trabalhadores. Voltar a conseguir que as políticas governamentais tomem as rédeas será muito mais difícil, e nenhum governo poderá consegui-lo por si só. Chegou o momento de uma ação coordenada para restaurar uma regulamentação adequada que faça com que os mercados estejam a serviço da população”, afirmou Ryder.

Da CUT