“Não geramos esta crise, somos vítima dela”, afirma presidente da FEM-CUT
Biro Biro concedeu entrevista sobre os efeitos da crise mundial desencadeada pelos Estados Unidos no setor automobilístico e as principais lutas da classe trabalhadora
O presidente da Federação Estadual da CUT de São Paulo (FEM-CUT), Valmir Marques, o Biro Biro, concedeu na terça-feira (11) uma entrevista ao vivo ao Jornal Brasil Atual da Rádio Atual (98,1 FM) — um projeto de comunicação da CUT.
Em entrevista ao jornalista e âncora do programa, Colibri, Biro Biro abordou os efeitos da crise mundial, desencadeada pelos Estados Unidos, no setor automobilístico e as principais lutas da classe trabalhadora. A seguir, confira alguns dos melhores momentos da entrevista, que pode ser ouvida na íntegra pelo site: www.jornalbrasilatual.com.br.
Crise X Setor Automobilístico
“Os efeitos têm sido preocupantes. Tivemos de fato uma retração nas vendas dos veículos neste último período, que impactou na produção e nas ações de algumas montadoras, que até anunciaram a intenção de dar férias coletivas, bem como reduzir as horas extras. No entanto, os nossos sindicatos filiados estão acompanhando este cenário e a situação está sob controle.”
Investimento de R$ 4 bilhões nas Montadoras
“Sem dúvida, a injeção de R$ 4 bi do Banco do Brasil no setor automobilístico tem um impacto importante. O governo deve continuar investindo na produção, propiciando que a indústria mantenha o mesmo nível de crescimento. Mas é fundamental que faça contrapartidas, por exemplo, priorizando a geração de empregos e a melhoria da renda da classe trabalhadora. Também deve contribuir para a aprovação da Convenção 158 da OIT, que proíbe a demissão sem motivo justo, e combate a rotatividade no mercado de trabalho, que tem atingido muito o nosso ramo.”
Governo Lula
“Não geramos esta crise, na realidade, somos vítimas dela. É importante reforçar que o governo federal tem tomado as decisões certas e na hora certa. As medidas até agora divulgadas tiveram o objetivo de injetar dinheiro na economia para que haja uma maior liquidez no mercado. A título de explicação, boa parte da produção de veículos e das vendas é feita por meio de crédito e, ao restringi-lo, aumenta-se as dificuldades, encarecendo o custo do dinheiro. Notamos que vivemos uma crise de “pânico” e “especulativa”, portanto, temos que acabar com estes fantasmas.”
Liberação de crédito
“Na semana passada, realizamos em conjunto com a CUT e com o Sindicato dos Bancários de São Paulo um protesto contra os bancos. O setor financeiro adotou uma postura equivocada ao “reduzir” o volume de dinheiro no mercado e as conseqüências têm sido preocupantes, por que com pouco dinheiro no mercado, os custos dos produtos e serviços encarecem. Por isso, fizemos esta manifestação cobrando dos bancos que sejam responsáveis e contribuam com o crescimento da economia, liberando crédito ao mercado.”
Campanha Salarial e 5ª Marcha
“Os metalúrgicos da CUT no Estado de São Paulo conquistaram um dos melhores acordos salariais do país na Campanha Salarial deste ano. Os nossos reajustes oscilaram de 10,48% a 11,01% — os aumentos reais variaram de 3% a 3,6%. Volto a reforçar que não geramos esta crise e, portanto, os trabalhadores não devem pagar o preço. Vamos continuar fazendo a nossa parte pleiteando ao governo federal que continue os investimentos, mas que também faça contrapartidas. Também exigiremos que as empresas e o setor financeiro contribuam, mantendo a produção, gerando empregos, garantindo crédito para o consumo e não demitindo nenhum trabalhador. Estas serão as nossas principais reivindicações na 5ª Marcha da CUT, que acontecerá na primeira semana de dezembro.”