Metalúrgicos do ABC protestam contra banqueiros e ´crédito preso´

O grito "Banqueiros, deixem o País crescer. Soltem o crédito" embalou o protesto liderado pelos Metalúrgicos do ABC e Bancários de São Paulo, com o apoio da CUT nacional e estadual, na manhã desta terça-feira (4), na avenida Paulista. Mais de mil trabalhadores protestaram contra os bancos que, apesar da liberação do compulsório pelo governo federal, "estão dormindo sobre o dinheiro" e negando crédito à população


Ao segurar o crédito para a produção e para as vendas, os banqueiros promovem a paralisia da economia do Brasil. A denúncia foi feita por Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, nesta terça-feira (4), em ato em defesa da liberação do crédito para a economia real.

A manifestação aconteceu na avenida Paulista, em frente ao Banco Real, dirigido por Fabio Barboza, presidente da federação dos bancos (Febraban).

O dirigente lembrou que, depois das recessões que marcaram os anos 80 e 90, o Brasil voltou a registrar um ritmo contínuo de crescimento nos últimos cinco anos, agora ameaçado pela mesquinhez dos bancos. “Não é verdade que a crise de agiotagem pode trazer a recessão de volta, porque as pessoas estão dispostas a continuar comprando. Mas os bancos parecem querer nos levar de volta ao caminho da recessão, ao segurar o dinheiro do crédito para o consumo e para a produção”, criticou Sérgio.

Segundo ele, os trabalhadores estavam ontem na rua para defender a continuidade do crescimento econômico e a sociedade está disposta a fazer o mesmo, exceto o sistema financeiro privado que prefere o lucro fácil da especulação.

Sérgio advertiu ainda que os trabalhadores devem ficar atentos ao movimento dos bancos que ameaçam aumentar as taxas de juros para os empréstimos com desconto em folha (consignado) ou retornar com a cobrança das tarifas. “Se fizerem isso, nós vamos começar a parar as fábricas”, avisou.

Encenação ironiza especulação financeira
Peça marcante, e alegre, no ato de ontem foi a encenação que caricaturou a atividade financeira. Atores faziam o papel de vários agentes econômicos (produtores, consumidores, banqueiros, prestadores de serviços etc.) mostrando como o mundo se submeteu a lógica da especulação financeira.

Em outra cena, ator dentro de uma cadeia simbolizava o crédito preso por um banqueiro que o impedia dele se libertar. Junto a isso, a CUT distribuía um manifesto à população condenando o papel dos bancos diante da crise.

Ato no coração do sistema financeiro

Toda essa alegoria e a ocupação da entrada da agência do Banco Real na avenida Paulista, centro do coração do sistema financeiro nacional davam um recado à nação. Frases como Solta a grana, banqueiro!, que estampava um dos pirulitos (cartazes) na mãos dos manifestantes, ou Banqueiro, deixa o Brasil crescer, como estava na camiseta de todos, carregavam um forte simbolismo.

Não são comuns manifestações dessa natureza no local, especialmente quando o pessoal entra e ocupa por algum tempo a entrada de uma grande agência bancária.

Banqueiro não recebe trabalhador

No alto da torre da agência do Real , fica o escritório do presidente da Federação Brasileira dos Bancos, Fábio Barbosa, também presidente do banco.

A intenção dos sindicatos era entregar um documento que exige  liberação e facilidade de crédito à produção e ao consumo. O executivo ignorou o pedido. Mesmo com a agência parada, não fez um único gesto para receber a CUT e os sindicatos que lá estavam representados. “A atividade não pára aqui e vamos promover novos atos pelo Brasil”, garantiu Artur Henrique, presidente da CUT.

Da Redação, fotos de Raquel Camargo