Mantega nega haver crise na Receita Federal

O argumento da ex-secretária de que a fiscalização aos grandes contribuintes estaria frouxa não procede, disse o ministro da Fazenda, porque há um programa de mais de 10 anos, "que foi reforçado ao meu comando"

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, negou há pouco que haja uma crise na Receita Federal com a saída de funcionários ligados à ex-secretária Lina Vieira. “É uma balela, está se criando uma ideia falsa de que há confusão (no Fisco)”, disse o ministro, assegurando que não há interrupção na fiscalização de grandes contribuintes.

O argumento da ex-secretária de que a fiscalização aos grandes contribuintes estaria frouxa não procede, disse Mantega, porque há um programa de mais de 10 anos, “que foi reforçado ao meu comando”. “Eu, especificamente, falei para reforçar a equipe da fiscalização do setor financeiro que estava carente”, continuou.

“É uma balela dizer que nós não estamos fiscalizando os grandes contribuintes”, comentou Mantega em tom exaltado. “É balela, é uma desculpa para encobrir ineficiência”, continuou ele, referindo-se ao argumento usado pelos funcionários que pediram demissão dos cargos em apoio a Lina.

Segundo Mantega, as pessoas que estão se demitindo “seriam substituídas”. Ele acrescentou ser normal a substituição quando há mudança de comando.

“A Receita está funcionando, sim, normalmente. Os superintendentes regionais estão lá, trabalhando”, continuou. Ele negou ainda o vazamento de informações fiscais sigilosas, destacando que ” a quebra de sigilo fiscal é crime que ninguém, nem um funcionário da Receita ou um ministro da Fazenda, pode cometer sem consequências sérias ” .

A crise na Receita Federal ficou aguda nos últimos dias, após embate entre a ex-secretária Lina Vieira e a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Lina disse que foi convocada e teve um encontro com Dilma, que teria lhe pedido para ” agilizar ” investigações fiscais em operações de Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). A ministra negou o encontro.

A oposição ao governo convocou Lina ao Congresso, onde a ex-secretária reiterou suas afirmações. Depois, dois funcionários ligados a Lina foram exonerados dos cargos. Em seguida, 12 servidores do Fisco pediram para deixar os cargos de confiança que ocupavam, em apoio a Lina.

Do Valor OnLine