Para Vannuchi, PT deve ´entender´ eleitorado de Marina
Analista político avalia que Dilma venceu o primeiro turno com ´folga´, mas que deve debater e atuar junto ao eleitorado de Marina Silva para manter dianteira
Para o analista político Paulo Vannuchi, o “principal” eleitorado de Marina Silva (PSB), terceira colocada no primeiro turno da eleição presidencial, vem de classes baixas, que se sentem mais representadas pelo PT do que pelo PSDB. “Um cálculo básico é que, se Dilma conseguir atrair um terço do eleitorado de Marina, ela, numericamente, ganha. Já Aécio tem que puxar dois terços”, diz. Ele destaca que Dilma é uma vencedora “robusta” pelos 8 milhões e 300 mil votos recebidos a mais do que o tucano no último domingo (42% contra 34%) e que, para manter a dianteira e garantir a reeleição no segundo turno, o PT “deve entender quem votou em Marina” e “discutir estrategicamente” como atuar com esse eleitorado. O comentário foi feito hoje (8) na Rádio Brasil Atual.
Vannuchi enfatiza que o partido da presidenta deve buscar o apoio das lideranças do PSB. “Pessoas como Luiza Erundina e Roberto Amaral, presidente do PSB, teriam uma enorme dificuldade de se aproximar do projeto neoliberal. Se eles chamarem o voto em Aécio, vão derrubar tudo o que defenderam durante as suas vidas”, afirma.
Na opinião dele, uma das explicações para a subida “meteórica” de Aécio Neves é o deslocamento de votos de “classes altas” que, num primeiro momento, se “encantaram” com a candidata do PSB e depois optaram pelo tucano.
Por outro lado, as campanhas à presidência do PSB e do PSDB fizeram forte oposição ao PT, o que facilitaria a Aécio conquistar os votos de Marina. “Não surpreende ninguém a possível declaração de voto (em Aécio) de Marina que, inclusive, está dizendo que exige pontos programáticos no governo de Aécio. Ela abandona o discurso da nova política para fazer a velha e se inclui na agenda neoliberal de Aécio, que não prioriza o social”, comenta.
Segundo Vannuchi, outra parcela de votos que pode se deslocar para Dilma é o eleitorado dos partidos menores de esquerda, Psol, PSTU, PCB e do PV, de Eduardo Jorge, que, embora não seja uma sigla historicamente esquerdista, fez campanha voltada a esse segmento. Juntos, esses eleitores somam 2,4 milhões de votos.
Já os “nanicos de direita”, Pastor Everaldo (PSC) e Levy Fidelix (PRTB) somam apenas metade, 1,3 milhão de votos, que devem migrar, na maioria, para Aécio.
Da Rede Brasil Atual