Apesar de desejar mudança, maioria dos eleitores vota em candidatos de atuais governos
Alguns candidatos se garantem, apesar dos desmandos, como é o caso de Alckmin e a crise hídrica de SP
Segundo comentarista da RBA, pesquisa do Ibope mostra que cerca de dois terços dos estados brasileiros reelegerão candidatos ou partidos que estão atualmente no poder
O cientista político, Paulo Vannuchi, destaca hoje (25), em seu comentário à Rádio Brasil Atual que, apesar da pesquisa de intenção de votos do Ibope ter constatado que a maioria da população tem vontade de mudança nos governos locais, cerca de dois terços dos estados ainda têm como favoritos os atuais governantes ou partidos que estão no poder. “O que se constata é que a tal vontade de mudança manifestada em junho do ano passado talvez esteja mais restrita a um sentimento juvenil e de segmentos mais politizados”, afirma.
Na visão de Vannuchi, a maior parte do povo brasileiro ainda reafirma a popularidade dos atuais dirigentes, “seja no sentido do favoritismo de Dilma Rousseff e das políticas federais atuais, seja no seu oposto, que é o caso de São Paulo. Embora haja problemas gravíssimos na segurança e até falta de água, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) tem chance, inclusive, de liquidar a eleição no primeiro turno”.
Na lista de atuais governadores ou candidatos que já se elegeram uma vez e querem voltar ao poder estão Geraldo Alckmin (PSDB), em São Paulo; Luiz Fernando Pezão (PMDB), no Rio de Janeiro; Beto Richa (PSDB), no Paraná; Paulo Hartung (PMDB), no Espírito Santo; Marconi Perillo (PSDB), em Goiás; Eduardo Braga (PMDB), no Amazonas; Simão Jatene (PSDB), no Pará; Henrique Eduardo Alves (PMDB), no Rio Grande do Norte; Expedito Júnior (PSDB), em Rondônia; e Marcelo Miranda (PMDB), no Tocantins e Raimundo Colombo (PSD), em Santa Catarina. O PT lidera no Acre, com Tião Viana, no Mato Grosso do Sul, com Delcídio do Amaral, e no Piauí, com Wellington Dias, mas enfrenta dificuldades no Rio Grande do Sul, com o atual governador Tarso Genro.
“Registro uma espécie de virada muito simbólica da tradição de quase 60 anos de domínio da família Sarney na política do Maranhão, com a liderança folgada de Flávio Dino, do PCdoB. Será uma virada inédita ter um estado como o Maranhão governado por um comunista”, ressalta o comentarista. Ele ainda lembra que a eminente vitória do candidato do PCdoB desencadeou uma série de “manobras sórdidas” do atual governo de Roseana Sarney (PMDB).
Recentemente, Flávio Dino foi acusado de envolvimento em um assalto a um carro forte, por um detento do presídio de Pedrinhas (MA). Contudo, o rapaz desmentiu a declaração e alegou que recebeu dinheiro para isso. “Quem imaginava que, no Brasil, ainda houvesse esse tipo de campanha própria da ditadura e do coronelismo? Mas parece, felizmente, que o Maranhão está mesmo decidido a iniciar uma fase nova”, completa.
Vannuchi lembra que o cenário permanece indefinido nos principais estados do Nordeste: Pernambuco, Bahia e Ceará. Em Pernambuco, o candidato apoiado por Lula, Armando Monteiro (PTB), liderava com folga até a morte de Eduardo Campos (PSB). O acontecimento introduziu um fator emocional nas eleições, que fez com que o candidato de Campos, Paulo Câmara, ultrapassasse Monteiro, que voltou a crescer nos últimos dias. O comentarista da RBA acredita que a perspectiva de um novo comício de Lula em Recife levará a um eventual empate nas eleições.
Na Bahia, Paulo Souto (DEM), expoente do carlismo de Antônio Carlos Magalhães, é favorito, com 43% das intenções de voto. Mas o candidato do PT, Rui Costa, apoiado pelo atual governador, Jaques Wagner (PT), demonstra crescimento significativo nas pesquisas e alcançou 27%. Já no Ceará, Eunício Oliveira (PMDB) tem 43%, mas aparece em empate técnico com Camilo Santana (PT), que tem 38% dos votos e é apoiado pelos ex-governadores Cid Gomes e Ciro Gomes, ambos do Pros.
Em Minas Gerais, o candidato petista, Fernando Pimentel, está 19 pontos a frente de seu adversário tucano, Pimenta da Veiga, que tem somente 25% das intenções de voto. “Aécio pretendia sair de Minas com até 3 milhões de vantagem sobre o segundo colocado, e corre o risco de perder em seu próprio estado”, diz Vannuchi. O comentarista considera a candidatura de Alexandre Padilha (PT), em São Paulo, em certa medida, “um enigma”. “Com tanta propaganda, sua presença ao lado de Lula e Dilma, ele não conseguiu ainda decolar, acelerando sua presença na atual reta de chegada”, lamenta.
Da Rede Brasil Atual