Para Dilma, quem não governa com partidos flerta com o autoritarismo

Em Jales, líderes do PMDB e aliados declararam apoio à candidatura da presidenta e ao seu projeto político

Fala é alusiva ao programa de Marina Silva, que prevê uma ´nova política´, independente da constituição de alianças e da composição de partidos. PMDB e aliados reiteram apoio à reeleição, em Jales (SP)

A presidenta Dilma Rousseff (PT) afirmou no último sábado (30), em encontro com prefeitos de partidos aliados e lideranças políticas do estado de São Paulo, em Jales, no interior paulista, que em regimes democráticos, quem não governa com partidos “flerta com o autoritarismo”. A fala é alusiva ao programa de Marina Silva (PSB), que prevê uma “nova política”, independente da constituição de alianças e da composição de partidos. Ambas aparecem empatadas em pesquisa Datafolha divulgada na sexta-feira (29).

“Não existe um único lugar em que haja regime democrático e que não haja partido. Aqui estão aqueles que lutaram pela democracia do Brasil, que lutaram pela distribuição de renda”, ressaltou.

Líderes políticos peemedebistas e aliados declararam apoio à candidatura da presidenta e ao seu projeto político. Nas eleições de 2010, depois de participar de encontro estadual do PMDB, também em Jales, Dilma disparou nas pesquisas.

Falando sobre a importância dos partidos aliados para a governabilidade, Dilma disse que um povo que esquece suas lutas é um povo que não tem futuro. “Numa democracia, quem não governa com partidos está flertando com o autoritarismo. Não existe um único lugar em que haja regime democrático e que não haja partido. Aqui estão aqueles que lutaram pela democracia do Brasil, que lutaram pela distribuição de renda”, afirmou.

A presidenta destacou que os municípios têm de fazer parceria com o governo federal e afirmou: “Enquanto não sai (o pacto federativo), olhamos com todo carinho e respeito para os municípios. Somos favoráveis a aumentar em 1% o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) permanentemente”. Ela destacou que tem investido em obras de saneamento e mobilidade urbana, beneficiando também a população das pequenas cidades.

O vice-presidente Michel Temer, afirmando que, no caso da reeleição de Dilma, será feita uma grande revisão no pacto federativo em benefício dos municípios, defendeu que o Brasil continuará crescendo com a presidenta. “Dilma consegue dialogar com todos os setores. Quem consegue fazer isso é a presidente Dilma, uma estadista. (…) Dilma continuará construindo o Brasil.”

O presidente estadual do PMDB em São Paulo, candidato a deputado federal Baleia Rossi, disse que o estado teve várias conquistas com o apoio do governo Dilma. “Na maior crise internacional, Dilma não deixou o nosso país ser afetado. Temos o Minha Casa, Minha Vida em quase todas as cidades paulistas. Esses avanços não podem parar”, declarou.

Subsídios

Dilma qualificou de “gravíssimo” que uma das propostas de Marina Silva seja eliminar os subsídios estatais à atividade econômica. “São propostas aventureiras, obscurantistas e atrasadas, que são parte de uma oferta que parece avançada, mas é profundamente demagógica e que, sobretudo, não se sabe a que interesses servem”, declarou Dilma.

No plano de governo apresentado ao eleitorado ontem (29), Marina propõe limitar os créditos preferenciais que os bancos estatais oferecem para o investimento privado em diversas áreas. No entanto, de acordo com Dilma, esses “subsídios” favorecem planos de construção de casas populares, obras de infraestrutura em transporte e em outras áreas, assim como vastos programas de agricultura familiar que “simplesmente acabarão” sem esse apoio estatal.

“Sem BNDES, acabam todos os programas”, sustentou Dilma, que completou: “Se a proposta é reduzir o subsídio, temos que perguntar a esses candidatos: Vão manter o Minha Casa, Minha Vida? Vão manter os investimentos federais como monotrilho, VLT, rodoanel?”, questionou a presidenta, citando projetos com apoio de financiamento federal.

Além da questão dos subsídios, Dilma também criticou a intenção da candidata do PSB de não dar prioridade à exploração das reservas de petróleo e gás do pré-sal, descobertas em águas profundas do oceano Atlântico pela Petrobras.

Se for colocado em prática o programa de candidatos com essas bandeiras, não só a Petrobras perderá importância, mas se restringirá a ação de todo os bancos públicos, que, segundo Dilma, foi uma das armas frente à crise global.

Assim como seu vice-presidente, Michel Temer, a presidenta também condenou a ideia de Marina Silva de governar com “os melhores” de todos os partidos políticos, mas não com as próprias formações.

O evento em Jales abriu as “Caravanas do PT”, que mobilizarão milhares de militantes durante este fim de semana. Comboios de automóveis percorrerão principalmente as cidades com uma população inferior aos 30 mil habitantes que, segundo o secretário nacional de Relações Institucionais do PT, Romenio Pereira, são as que mais se beneficiaram com os planos sociais do governo Dilma.

Dom Demétrio

Antes do encontro de prefeitos, Dilma reuniu-se com o bispo da cidade, Dom Demétrio Valentini, na arquidiocese do município. Em 2010, quando o tema aborto foi usado por adversários para prejudicar a candidatura de Dilma, Dom Demétrio foi a principal voz da Igreja Católica a se levantar contra a politização do assunto. Ele adotou posição firme em defesa do direito de os eleitores escolherem livremente os candidatos.

Da Rede Brasil Atual