Planalto: sabatina na CNI deixa mais nítidas diferenças entre os três candidatos
Auditório da CNI lotado de autoridades e representantes da indústria para sabatina com os três principais candidatos
Campos procurou se apresentar como a novidade, Aécio tentou demarcar preparo para assumir o flanco oposicionista e Dilma enfatizou ações de sua gestão como bases sobre as quais pretenderá trabalhar
A sabatina realizada ontem (30) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com os presidenciáveis deu sinais de como devem se comportar a presidenta Dilma Rousseff (PT), o senador Aécio Neves (PSDB) e o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), nestas eleições. Os três responderam a perguntas de representantes do empresariado e discorreram sobre prioridades em seus planos de governo e evidenciaram diferenças, nas atitudes pessoais e para a condução de suas campanhas.
Eduardo Campos, o primeiro a se apresentar, procurou conquistar os presentes desde o início e demonstrar que tinha feito o “dever de casa”, ou seja, a leitura das propostas sugeridas pela entidade. Campos destacou dez dos 42 itens que constam do documento da confederação, que, segundo assegurou, fariam parte de suas prioridades. Não perdeu a oportunidade de alfinetar a presidenta Dilma Rousseff e o senador Aécio Neves, enfatizando ambos estariam “dentro de um modelo antigo de governo, que tem sido observado há 30 anos e considera falido”.
E tentou se colocar como “candidato da mudança”, além de expor todos os pontos abordados e questionados durante a sabatina. “Ele fez o que se esperava: chegou com humildade, apresentou todos os pontos e se apresentou”, avaliou o advogado João Antonio Barros, que participou do evento.
Segurança e evasivas
Aécio Neves marcou posição no polo oposto ao governo e também destacou itens das propostas apresentadas pelos representantes da CNI. O senador tentou demonstrar segurança como candidato e passar imagem de que estaria mais preparado do que Campos. Embora tenha citado apenas alguns pontos do documento da CNI que pretende adotar, de maneira genérica, disse que há anos vem discutindo várias das propostas tratadas no evento de forma cotidiana com lideranças expressivas do país.
Neves fez críticas ao governo do PT, que, a seu ver, demonizou as privatizações e provocou uma “desindustrialização”. A postura do senador mineiro agradou a muitos dos presentes e foi vista como a de alguém mais familiarizado com os assuntos nacionais. Por outro lado, causou incômodo em empresários que pareciam esperar dele que fosse menos vago e genérico.
“Aécio agiu como quem diz estou aqui e sei o que faço. Pareceu ser evasivo em suas propostas para alguns, mas para mim foi simplesmente objetivo”, comentou a técnica de pesquisa Andreia Santana, que acompanhou as três apresentações.
Balanços e defesa
A presidenta Dilma Rousseff, por sua vez, fez um balanço articulado de vários das ações de seu governo, mostrou números e cristalizou a tese de que “fiz, e posso fazer mais”. Para os que gostaram do seu discurso, passou impressão de firmeza de quem tem o que mostrar, de que está ciente de deficiências observadas em alguns setores e, ao mesmo tempo, pronta para aperfeiçoar a gestão num segundo governo, a partir das bases que firmou ao longo destes quatro anos.
A presidenta também foi prolixa, em alguns momentos perdeu o tom e estourou o tempo programado para responder às perguntas, conforme determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Recebeu críticas por ter dedicado mais espaço a destacar o que foi feito, e avançar menos sobre o que pretende fazer a partir de 2015, saindo de uma postura mais defensiva.
“Não vi defeitos, é isso que o PT tem de mostrar mesmo, rebater críticas e dizer o que fez”, afirmou Cíntia Rosário, representante do Sindicato dos Bancários do Distrito Federal. “Acho que a presidenta adotou uma posição muito defensiva. Ela precisa se soltar mais daqui por diante”, sugeriu o servidor do Ministério do Planejamento Rodrigo Antunes.
Muitos rounds
As posições marcaram apenas o início de uma disputa que terá muitos rounds. Foi positiva, segundo a CNI, cujo objetivo foi ajudar a sociedade a conhecer melhor os candidatos e suas prioridades para o setor industrial.
A confederação apresenta propostas para os presidenciáveis desde 1994. Este ano, foram dividas num arcabouço de 42 estudos, organizados com a ajuda de líderes empresariais, especialistas e representantes das associações e federações da indústria. Abrangem temas como educação, ambiente macroeconômico, eficiência do Estado, segurança jurídica e burocracia e desenvolvimento de mercados, relações de trabalho, financiamento, infraestrutura, tributação, inovação e produtividade.
Da Rede Brasil Atual