´Se a Petrobras hoje vale US$ 98 bilhões, no governo FHC valia US$ 15 bilhões´, diz Lula

Em entrevista coletiva a blogueiros, ex-presidente fala sobre mensalão, Copa do Mundo, economia, eleições e Petrobras, entre outros assuntos, durante quase três horas e meia

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu entrevista coletiva a blogueiros na manhã de ontem (8) na sede do Instituto Lula, em São Paulo, e falou sobre mensalão, eleições presidenciais, Copa do Mundo, Petrobras, manifestações e reforma política, entre outros temas importantes da política nacional. Logo de saída, o ex-presidente reafirmou que não existe “Volta, Lula”. “Eu não sou candidato. Minha candidata é a Dilma Rousseff e eu conto com vocês para acabar com essa boataria”, disse. A coletiva foi transmitida ao vivo pela internet e assistida por internautas em cerca de 11 mil computadores.

O ex-presidente, que foi o primeiro mandatário a realizar uma entrevista coletiva com blogueiros no Brasil, em 2010, explicou aos participantes que não fala há muito tempo com a imprensa por ser ex-presidente, e que a sua percepção é de que “os meios de comunicação no Brasil pioraram do ponto de vista da neutralidade”. Lula disse ainda que a imprensa tem de respeitar os fatos: “Têm que ser pelo menos verdadeiros. Contra ou a favor, que a verdade prevaleça”.

Com relação à Copa do Mundo, Lula lembrou a comoção nacional quando o Brasil venceu a disputa para ser a sede do mundial e questionou: “Por que a anulação disso agora?” O ex-presidente explicou que o dinheiro que está sendo utilizado na Copa do Mundo não foi retirado da saúde, por se tratar de dinheiro do BNDES destinado a empréstimos. “Para o BNDES emprestar dinheiro para construir um hospital, precisa haver um empresário querendo construir um hospital.” Lula disse ainda: “Não teve nenhum país no mundo em que não teve protesto durante a Copa”.

Sobre o julgamento da AP 470, o chamado mensalão, Lula disse que espera viver para ver essa história ser contada novamente. “Se o PT tivesse feito o debate político quando deveria ter feito o embate político, em vez de esperar decisão jurídica, a história poderia ter sido outra. Nós vimos como a imprensa foi construindo o resultado desse julgamento”, ponderou. “Eu queria saber como um caso de fraude de R$ 3 mil em uma estatal chefiada pelo PMDB envolvendo um quadro do PTB virou o mensalão e caiu no colo do PT. Essa história ainda será recontada.”

Questionado sobre a atual conjuntura da Petrobras, o ex-presidente afirmou que em todos os anos eleitorais a oposição tenta emplacar uma CPI para investigar a estatal. “Eu penso que são pessoas que trabalham para enfraquecer a Petrobras. Se ela hoje vale US$ 98 bilhões, no governo FHC ela valia US$ 15 bilhões.”

Quando perguntado sobre a Lei Antiterrorismo, proposta no Congresso, Lula foi enfático. “Não acho que o Brasil precise dessa lei, porque não tem terrorismo no Brasil. No país do carnaval, fazer uma lei contra alguém que usa máscaras é impensável.” O ex-presidente disse ainda que as manifestações representam a sociedade em processo de evolução, tentando conquistar cada dia mais coisas. “Aprendemos a fazer política fazendo manifestação, fazendo greve. A democracia não é um pacto de silêncio.”

Sobre a reforma política, Lula disse que é favor de uma constituinte exclusiva. “A reforma política é a mais importante reforma que tem que acontecer neste país, sem ela todas as outras ficam muito mais difíceis.” Com relação ao financiamento público de campanha, o ex-presidente disse estar convencido que é “a forma mais barata, mais honesta, de fazer eleição no Brasil, para o cidadão saber quanto custa o voto”.

 

Da Rede Brasil Atual