Número de pessoas que vivem em extrema pobreza cai 25% em 30 anos

A queda de 25% no número de pessoas que vive em extrema pobreza em países em desenvolvimento, entre 1981 e 2010, permitiu o cumprimento da primeira das Metas de Desenvolvimento do Milênio com cinco anos de antecedência. O esforço, porém, está longe de garantir o objetivo seguinte – a eliminação da pobreza extrema até 2030. Em 2010, continuavam a viver nessas condições de penúria 1,210 bilhão de pessoas, entre as quais 400 milhões de crianças. Nos países de menor renda houve aumento de 103 milhões de pobres extremos.

O estudo “O Estado do Pobre: Onde Estão os Pobres, Onde a Extrema Pobreza É Mais Difícil de Acabar e o Qual é o Perfil do Pobre do Mundo”, divulgado hoje pelo Banco Mundial, traça um quadro inovador sobre a condição dos mais vulneráveis, que vivem com menos de US$ 1,25 por dia. O objetivo do relatório foi o de promover uma discussão mais bem embasada sobre as políticas públicas necessárias para o combate à extrema pobreza. Em especial, se houver seriedade da comunidade internacional sobre o cumprimento da meta de 2030.

“Para alcançar a meta de acabar com a pobreza extrema até 2030, o ritmo de redução nos países com menor renda terá de aumentar substancialmente”, constataram os economistas Pedro Olinto, Kathleen Beegle, Carlos Sobrado e Hiroki Uematsu, os autores do estudo. “Enquanto as taxas de extrema pobreza caíram em todo o canto, o número de pessoas pobres nos países de menor renda aumentou em 103 milhões entre 1981 e 2010”, constatou.

Um terço dos pobres extremos no mundo em desenvolvimento têm até 12 anos de idade, de acordo com o estudo. Nos países de menor de renda, as crianças compõem 50% desse contingente mais vulnerável e 20% das pessoas consideradas “não-pobres”. Isso significa que há mais adultos capazes de prover renda e apoio para cada criança das famílias “não-pobres” do que entre as extremamente pobres. A grande maioria dos pobres extremos concentra-se nas áreas rurais e está sujeita a precário ou nulo acesso a água potável, a serviços sanitários e à eletricidade. Vive, portanto, em um círculo difícil de ser rompido de geração a geração sem políticas públicas direcionadas.

O estudo evidencia que boa parte da redução de 25% da extrema pobreza entre 1981 e 2010 deu-se em duas economias emergentes, a China e a Índia. Ou seja, dentre os 721 milhões de pessoas beneficiados com melhores condições de vida, a maioria era indiano e chinês. Para o resto do mundo em desenvolvimento, não houve apenas o aumento dessa população – de 249 milhões para 352 milhões. “Os indivíduos que vivem em extrema pobreza hoje parecem ser tão pobres quanto os que viviam nessas condições há 30 anos”, agregou o estudo.

Desde 1981, a extrema pobreza caiu mais da metade em países de renda média e alta, incluindo a China e a Índia. Os ganhos médios de uma pessoa na pobreza extrema de um país com baixa renda aumentaram de US$ 0,74 por dia, em 1981, para US$ 0,78, em 2010. Na China, cresceram 42%, de US$ 0,67 para US$ 0,95. Na Índia, 14% – de US$ 0,84 para US$ 0,96.

 Do Estado de S. Paulo